A situação decorre semanas depois de um ex-funcionário do Twitter ter sido detido nos Estados Unidos da América por espiar para os sauditas.

Um administrador foi condenado a 32 anos de prisão e outro a oito anos, denunciaram activistas, segundo o Guardian. Tinham sido detidos inicialmente em 2020 e acusados de "influenciar a opinião pública” e "violar os princípios de moral”.

Uma investigação da Wikimedia (entidade parente da Wikipédia) descobriu que o Governo saudita conseguiu chegar aos altos escalões da Wikipédia na região, com cidadãos sauditas a terem agido ou a ser forçados a agir como agentes, disseram dois grupos de direitos humanos.

"A investigação da Wikimedia revelou que o Governo saudita infiltrou-se nos mais altos escalões da equipa da Wikipédia na região”, referiram a Democracy for the Arab World Now (Dawn) e a Smex, com sede em Beirute, num comunicado conjunto.

A Dawn, que tem sede em Washington DC e foi fundada pelo jornalista saudita assassinado Jamal Khashoggi, e a Smex, que promove os direitos digitais no mundo árabe, citaram "denunciantes e fontes confiáveis” na obtenção de informações. Afirmaram que o governo os acusou porque contribuíram com informações consideradas críticas sobre a perseguição de activistas políticos no país.

"É desprezível, mas totalmente previsível, que o Governo tenha acusado os sauditas apenas por publicarem conteúdo sobre os abusos dos direitos humanos cometidos pelo governo”, disse Raed Jarrar, um responsável da Dawn.

A declaração das organizações activistas surge depois de a Wikimedia ter anunciado, no mês passado, ter banido globalmente 16 utilizadores "por conflito de interesses” ao editarem projectos da Wikipédia para beneficiar objectivos de determinadas partes externas.