Opinião

Aprender, aprender sempre em qualquer lugar

Guimarães Silva

Os humanos, mesmo que diferentes, têm pontos de acerto em comum. Conviver, fortalecer conhecimentos, são alguns itens que preenchem a sociedade, no âmbito das mil e uma formas de partilha diária. Comunicar parece ser a caixa de ressonância que ninguém abdica, utilizando critérios tradicionais e os múltiplos veículos à disposição, inclusive as TIC.

01/09/2024  Última atualização 11H43
© Fotografia por: DR

O lema é aprender, aprender sempre onde quer que seja.

Sempre que nos deparamos com algum agrupamento de pessoas, devemos estar convictos de que há conversa, reptos e más línguas para o comentário do dia. O interessante é que existe sempre uma falange de apoio para quem fala mais alto, mesmo que esteja na pobreza de factos e ausência de um saber robusto, simplesmente marque presença, seja atrevido e apareça. Quer queiramos, quer não, na conversa aqui aprendemos alguma coisa.

A interacção num grupo carrega em si motivação, o interesse pela conversa e, vezes sem conta, o tema em abordagem é geralmente comungado, caso se trate de algum desaguisado intramuros ou variantes que acontecem em outras latitudes, que dominamos pouco por falta de acompanhamento ou fraca posse de informação. Com algum a, b, c, d, do quotidiano em nossa posse, saímos a ganhar, porque amealhamos mais algum para a cachimónia.

O importante é que ser social implica a partilha e agrupamento. O amontoado à busca do saber de princípio chega a ser restrito, depois, os contornos dão a um grosso de participantes, que pode descambar em multidão sedenta de informação. Via de regra, as pessoas só se agrupam e formam multidão quando são guiadas por líder carismático, basto em ideias, convincente, com argumentos de razão que a própria lógica acolhe.

Entretanto, o único lugar onde nos sentimos deslocados é precisamente na multidão. Aqui chegados, a própria voz, murmúrios, lamentos e mesmo os nossos pensamentos estão em permanente alinhamento com o colectivo. Os gritos em uníssono são o mandamento prioritário. A nossa opinião é nada, simplesmente zero. Somos arrastados e comprometidos com a causa da maioria, qual magia de um guru de Calcutá. Aqui, o poder de criatividade é igualmente nulo, coarctado pela fúria do pensamento único. Aprendemos a seguir a causa que motiva o grupo.

Aqui reside a velha questão, sempre actual, da psicologia das multidões, que Gustave le Bom sintetiza como um agrupamento de pessoas onde há nivelamento; inclusive comungam de actos e procedimentos que não abonam a favor da convivência pacífica. Sem autonomia e no papel de marionete o pensamento humano asfixia, perde o lado único e a autenticidade. Sentindo-nos inseguros, na condição de prisioneiros da avalanche de pessoas juntas num só lugar.

O contrário da multidão está o espaço público onde estamos estratificados. Neste quinhão de pessoas, sem o contágio do grosso, somos quase que autónomos. A verdade diz que o individual destaca-se, avalia situações e tem uma palavra a dizer, porque respeita símbolos, signos e estuda as pessoas, tem objectivos.

É por norma o lado bom, onde nos guiamos pelo conhecimento. O debate de ideias é salutar. Prevalece o reino de colóquios, palestras, seminários e outras múltiplas formas de trocar conhecimentos. Aqui, sem o ruído da multidão, somos mais prestáveis. A luta é estar acima da média, fazer a diferença e apelar para a sustentabilidade, isto é manter a autonomia. Cultivar ideias positivas e lutar para materializa-las, é pedra de toque, abafada enquanto multidão.

Um bom exemplo nos é legado por um ousado e destemido Thomas Edison, o inventor da lâmpada incandescente em 1879. Confrontado com entraves e indigência de contributos para a evolução tecnológica, partiu para o que de melhor sabia fazer, inventar. Foi bem-sucedido, porque havia milhões para financiar os seus desvaneios criativos, onde chegou a perto das duas mil patentes!

A cachimónia deve ser exercitada, quer materializando sonhos, quer competindo para ser o melhor, sempre. O que não é fácil. A escola japonesa é exímia em talentos que competem com o fim único de serem melhores e não defraudarem o bom nome da família. Quando o desiderato é inviável, descamba em suicídios. O Japão é o campeão neste desfile triste. Um exemplo que julgo antiquado e não deve ser perseguido.

O humano é a peça rara que tem muito a dar ao planeta enquanto vivo. Falta, em algumas circunstâncias, espaço para aparecer; em outras, um crescendo de rivais à altura para competir. Os exemplos de unicidade abundavam no passado. Os pares Spassky-Fisher; Karpov-Korchnoi; Karpov- Kasparov, intimidavam o mundo, porque só eles percebiam a linguagem secreta dos tabuleiros de xadrez. Hoje, o quadro e tendências mudaram. A fila de leitores por excelência do posicionamento de peões, bispos, torres, gambitos de damas e cavalos abonam aos milhares. Angola anda à coca de um Grande Mestre, porque de Mestres Internacionais que sabem da leitura mítica, a casa reclama que é "Chão que já deu uva.”

No seio dos humanos, os melhores são tidos em linha de conta, um destaque, referência e motivo de cobiça. Trabalhar para este desiderato é pau para toda a obra. A princípio, todos nascemos com atributos, o processo do crescimento até à maturidade dá-nos outras valias e atributos. Desde a infância que o escrutínio persegue os humanos. Ser bom, óptimo, acima da média é a prioridade. A partilha de conhecimentos é o item importante para a preservação da espécie, já que "os segredos colocam as pessoas em perigo”. O mercado de ideias, vasto e em constante actualização, pede que invenções e descobertas tenham um fim, a disseminação, que é outra forma de aquisição de conhecimento.

Os grandes chefes de fila, em todas as esferas do saber, têm na "entourage” cérebros que ajudam a manter a hegemonia, um sinal de que as mentes sublimes, facilmente são levadas em consideração; se bem que igualmente temidos pela capacidade intelectual que ostentam. Amados e odiados, a páginas tantas, fazem parte da cadeia de comando, muitas vezes como elite não dirigente, mas com influência nas decisões e soluções. Apesar de não ocupar lugar, no fim do dia é de bom tom aprender sempre, onde quer que seja, para deter conhecimentos.

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