Os escritores Agostinho Neto e António Jacinto são, hoje, às 10h, homenageados como “Poetas da Liberdade”, no Festival de Música e Poesia, que acontece no auditório do Centro Cultural de Vila Nova de Foz Côa, em Lisboa, Portugal.
A exposição fotográfica do artista angolano Pedro Yaba, intitulada "Simbiose" lança luz sobre a importância histórica da indústria mineira na economia nacional afirmou, segunda-feira, o secretário de Estado para Sector dos Recursos Minerais, Jânio Victor.
O artista plástico António Ole é homenageado hoje, a partir das 18h00, inserido na exposição de obras suas pertencentes a coleccionadores, patente desde o dia 17 deste mês, na Galeria Ndongo 119, na Baixa de Luanda.
Segundo a cineasta Marta Lança, o ciclo que a Ndongo 119 preparou como homenagem a António Ole (1951) "é um momento auspicioso para reflectirmos sobre as variadas dimensões da sua obra”. Para além da exposição de algumas peças do artista, o programa inclui debates com artistas e críticos, e o visionamento do filme "O Carnaval da Vitória” (António Ole, 1977) e do documentário "António Ole” (Rui Simões, 2013), fundamentais para avivar outras fases e contributos do artista.
"Pintura, desenho, instalação e fotografia, pigmentos, aguarela, colagem, carvão, acrílico, latas e plástico são ilimitadas as linguagens e técnicas expressivas, assim como a natureza de materiais de que se apropria para as suas narrativas visuais. Inspirando-se na cultura tradicional como estímulo para desenvolver um discurso contemporâneo adequado ao seu tempo e circunstância, Ole tem sido um ‘narrador’ visual da natureza do mundo”, realça Marta Lança.
Com mais de 55 anos de uma carreira sólida e reconhecida entre África, Europa e América, o ponto de partida da obra de António Ole é a cultura tradicional angolana, o vasto e ambíguo universo do "tradicional”. "Retrabalhando-a com o seu olhar socio-político e, acima de tudo, poético, sempre foi inscrevendo a cultura popular numa ideia e circuito de contemporaneidade”.
"Refiro-me a António Ole como narrador visual porque as suas obras parecem, por vezes, dar forma a histórias da tradição oral (provérbios, contos, narrações épicas), dando a ver um tipo de raciocínio mais próximo da oralidade, que tem sido fonte de conservação e de circulação de saberes”.
Na exposição "A Natureza do Mundo” (título de duas peças de 2006), não encontramos obras que remetam para uma das grandes temáticas de Ole: a cidade e as dinâmicas urbanas. Porém, o mar, o barco, o pisar das águas, e o gado, a terra, o uso dos pigmentos que encontra na natureza para chegar a tonalidades próximas da pigmentação da terra, estão muito presentes, e remetem-nos para esta Angola que sempre se reinventou.
Este ciclo de homenagem ao artista angolano, referência para as gerações que o sucederam, deve ser uma oportunidade de troca de narrações entre angolanos, e uma conversação ininterrupta para o mundo. "Precisamos muito de escutar e de ver, das palavras, das imagens e dos ensinamentos, de receber o que Angola tem a dizer, e assumindo a sua responsabilidade no jogo do mundo e da natureza do mundo. Os artistas serão sempre os intérpretes mais capacitados para nos contagiar pela sua efabulação aproximada da realidade angolana”, afirma a cineasta.
Perfil
do artista
Artista
plástico, fotógrafo e realizador angolano, António Ole nasceu em 1951, em
Luanda.
António Ole fez parte, em 1974, da equipa de Contrato Popular, um programa radiofónico, e foi aceite, em 1975, como realizador de programas na Televisão Popular de Angola, cobrindo, nesse mesmo ano, as celebrações do 11 de Novembro, em Luanda. Ainda em 1975, formou-se no American Film Institute, em Los Angeles (EUA) e, entre 1981 e 1985, estudou cultura afro-americana e cinema na Universidade da Califórnia (EUA), onde obteve o diploma do Center for Advanced Film Studies.
Desde 1975, dirige vários documentários e vídeos sobre a vida e história de Angola, como "Os Ferroviários” (1975), "Aprender” (1976), "Carnaval da Vitória” (1978), "Sonangol: 10 Anos Mais Forte” (1987), entre outros.
Quanto ao seu trabalho como fotógrafo, o artista começou por fotografar famílias angolanas, retratando os seus numerosos elementos e mostrando certos temas metaforicamente. António Ole faz montagens fotográficas, intitulando-as "Acidentes pelo caminho”, ou desenvolve o seu projecto "Sal”, onde fotografa vários aspectos da extracção e uso do sal como matéria-prima.
Como artista plástico, Ole cria esculturas inspiradas nas pinturas murais dos Tchokwe, a Leste do país, e produz pintura moderna, cuja originalidade está vincada pelos elementos tradicionais utilizados. Em 1970, aos 19 anos, chamou a atenção do público e da crítica para a sua pintura, quando, no IV Salão de Arte Moderna de Luanda, expôs um quadro representando o Papa Paulo VI a tomar a pílula.
Realizou a sua primeira exposição em 1967 e desde a sua estreia internacional, no Museum of African American Art, em Los Angeles, em 1984, os seus vários trabalhos têm sido apresentados em várias exposições, bienais, festivais, como em Havana (1986, 1988, 1997), São Paulo (1987), Expo’92, em Sevilha, Berlim (1997), Joanesburgo (1995, 1997), Dakar (1998), Amesterdão (2001) e Veneza (2003).
António Ole é um dos artistas angolanos cuja reputação se estendeu além fronteiras.
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