Política

Angolanos residentes no estrangeiro encantados com investimentos no país

Adelaide Mualimusi | Cafu

Jornalista

Cidadãos angolanos residentes na diáspora destacaram os investimentos e avanços notáveis que o Executivo tem vindo a empreender na construção de infra-estruturas no país, sobretudo nos domínios da Educação, Saúde, Energia e Águas, Habitação, vias de comunicação, entre outros sectores vitais da vida económica e social.

08/04/2024  Última atualização 08H00
Grupo de 33 jovens angolanos que vivem no exterior percorrem o território nacional para constatar a evolução do país © Fotografia por: Dombéle Bernardo | Edições Novembro

Em Ombadja, província do Cunene, o grupo de angolanos destacou a importância do Canal do Cafu para o desenvolvimento da Agricultura e a contribuição para a atracção de investimento estrangeiro para a região.

O Canal do Cafu consiste num sistema de captação e transferência de água do rio Cunene para várias povoações, através de um condutor com 165 quilómetros de extensão, no quadro do combate à seca na província.

O grupo de cidadãos, que concluiu, ontem, a visita àquela província do Sul do país, prometeu divulgar o potencial do Canal do Cafu nos países de acolhimento, com vista a atraír investidores.

Nas primeiras horas de sábado, a delegação deslocou-se à localidade de Santa-Clara, na fronteira entre Angola e a Namíbia, para se inteirar do processo de entrada e saída de pessoas e bens, tendo prosseguido depois para o Canal do Cafu.

No fim da visita, o delegado de Portugal, José Vitorino, disse que a comitiva ficou impressionada com as infra-estruturas de combate à seca na região. Partilhou, neste sentido, que tiveram a oportunidade de contemplar os 175 quilómetros de extensão do Canal do Cafu, onde foi possível constatar o forte desenvolvimento de actividade agrícola, tendo considerado a obra de engenharia fundamental para a segurança alimentar.

"Onde há água maiores são as possibilidades de se aumentar a produção. A água até pode ser mais importante que o solo, porque é possível desenvolver a agricultura só com a água, por isso o Cunene tem o factor principal para impulsionar a agricultura e ter a cadeia de valor completa”, ressaltou.

José Vitorino é de opinião que todos os problemas devem ser resolvidos de forma integrada. Para o país alcançar a segurança alimentar, acrescentou, é preciso desenhar o sistema do conhecimento de inovação agrícola, de modo a garantir uma agricultura sustentável do ponto de vista económico, social, político e ambiental. "O Canal do Cafu é um ponto de partida para que se construa este modelo de conhecimento e inovação agrícola”, disse.

O Cunene, prosseguiu, tem um grande potencial que precisa de ser explorado e divulgado e oferece uma produção de gado muito forte, onde é aproveitada apenas a carne. A pele praticamente não tem proveito. A pele, por exemplo, reforçou, quando processada tem inúmeras utilidades e representa também uma oportunidade de negócio. Durante a visita, a delegação foi informada pelo agricultor Alberto Gaspar sobre as actividades desenvolvidas ao longo do Canal e ficaram a saber que estão a ser explorados perto de 13 hectares com produtos diversos.

Para o fim de Maio, está prevista uma colheita de 200 toneladas, com realce para o tomate, que tem rendido bastante nos mercados de Ondjiva e do Lubango, onde tem abastecido os seus produtos aos supermercados e outras superfícies comerciais.

Reunião com a Governadora

No mesmo dia, a governadora do Cunene, Gerdina Didalelwa, abordou com os 33 jovens a situação política, social e económica da província. Durante o encontro de mais de duas horas, a governadora situou os jovens sobre os vários projectos executados na província através dos diversos programas do Executivo.

 Gerdina Didalelwa realçou a construção do Canal do Cafu, projectado para mitigar os efeitos da seca, na centralidade D. Fernando Guimarães Kevanu, com 484 apartamentos, construção de escolas, centros e postos de saúde, residências para professores e enfermeiros e furos de água no âmbito do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM), além do novo Hospital Geral de Ondjiva, com capacidade de 200 camas, que será em breve inaugurado.

A governadora informou que nos últimos anos a província tem registado uma seca severa que afecta a população e o gado. Para combater o fenómeno, o Governo gizou um programa denominado Projectos Estruturantes de Combate aos Efeitos da Seca no Sul de Angola, que permitiu a construção do Canal do Cafu, numa extensão de 165 quilómetros, e 30 chimpacas, que já beneficiam 235 mil cidadãos e 250 mil animais.

Citou outros projectos em curso com a mesma finalidade, nomeadamente a construção, no município do Cuvelai às barragens do Ndué e Calucuve e os seus canais associados, a barragem da Cova do Leão, no município da Cahama, e outros no município do Curoca, todos com o propósito de diminuir a carência de água que a população enfrenta.

A secretária executiva do Movimento Nacional Angola Real (MONAAR), Ana Cristina Feijó, disse ter ficado impressionada com os projectos já executados e em curso na província, tendo referido que todas as informações sobre o Cunene vão permitir aos angolanos residentes no exterior terem outra visão sobre o combate à seca no país.

"Vamos dar a conhecer aos outros compatriotas residentes no exterior todas estas informações, para que possam ter uma visão mais real e diferente do país daquela que vem nas redes sociais”, sublinhou.

João Nambalo, que vive há 30 anos na Namíbia e é natural da província da Huíla, disse que fica agora a saber que o país afinal está em desenvolvimento, existem vários projectos em execução para dar melhor vida às pessoas, em particular os do PIIM, que está a levar serviços públicos às comunidades.

Encontros no Bié

O outro grupo de cidadãos angolanos residentes na África do Sul, Alemanha, Colômbia, Espanha, Namíbia, Portugal, República Checa e Suíça visitou, ontem, algumas infra-estruturas de impacto social do município do Cuito, localidade do Bié.

Interessados em contribuir para o desenvolvimento da província, os jovens estão naquela província desde sábado, com o objectivo de inteirar-se do desenvolvimento social e económico da região.

A delegação foi recebida pela governadora em exercício, Alcida Camateli Sandumbo, que considerou fundamental a visita dos angolanos residentes na diáspora à província do Bié, tendo avançado que o governo local está aberto a estabelecer parcerias com todos aqueles que manifestarem interesse em investir e contribuir para o crescimento do país e da região em particular.

O primeiro dia de trabalhos foi marcado por um encontro na Mediateca Abel Abraão, onde os angolanos residentes na diáspora foram informados sobre a caracterização da província do Bié, suas potencialidades e principais empreendimentos económicos e sociais.

Empreendimentos de impacto social construídos nos últimos anos

 

No Huambo, os angolanos residentes na diáspora visitaram alguns empreendimentos de impacto social construídos com fundos públicos, nomeadamente a Centralidade do Lossambo, Centro Integrado de Formação Tecnológica (CINFOTEC), Centro de Formação de Jornalistas (CEFOJOR) e Centro Cultural do Huambo "Manuel Rui Monteiro”.

O secretário da mesa da assembleia-geral do MONAAR, Ernesto Miúdo, disse que a visita à província do Huambo teve como objectivo "levar os nossos compatriotas a constatarem a Angola real e actual, porque muitos ainda pensam que o país está num ritmo desacelerado, devido ao conflito armado que causou a destruição de muitas infra-estruturas económicas e sociais”.

A construção de raiz de infra-estruturas, na sua maioria de grande impacto social, como escolas, unidades sanitárias, redes eléctricas, vias de acesso, pontes, aumento da produção agrícola, acesso da juventude ao ensino superior, são acções que se reflectem na melhoria da qualidade de vida das populações ao longo dos 22 anos de paz efectiva que o país desfruta, reconheceu.

Ernesto Miúdo, que encabeçou uma delegação de 26 compatriotas angolanos residentes na diáspora provenientes da África do Sul, Alemanha, Portugal, Namíbia, República Checa, Polónia, Suíça, Itália e Espanha, ressaltou que muitos destes filhos da terra pretendem voltar, com o intuito de investir no país, em vários domínios económicos e sociais, para alavancar a economia nacional.

"É preciso que estas pessoas, formadas em diversas especialidades, que vivem na diáspora, voltem para o país e transmitam o seu saber na investigação científica e nos outros sectores, sobretudo no agro-negócio, para que o país venha a atrair mais investidores, por via de uma parceria público-privada”, sustentou.

A governadora do Huambo, Lotti Nolika, garantiu que o Executivo está aberto para apoiar os quadros formados na diáspora, principalmente aqueles que mostram interesse em dar o seu contributo para o crescimento sustentável do país e da província.

Périplo pela Lunda-Sul

Na cidade de Saurimo, capital da província da Lunda-Sul, os jovens levaram uma imagem positiva da governação, depois de visitarem, na sexta-feira, os empreendimentos económicos e sociais construídos com o objectivo de impulsionar o desenvolvimento.

A delegação, composta por 15 membros provenientes da Alemanha, África do Sul, Bélgica, Congo, República Checa, Luxemburgo e Itália, cumpriu no roteiro de visitas uma passagem pelo Pólo Diamantífero, Central Fotovoltaica, Nova Centralidade de Saurimo, Futuro Pólo Universitário e percorreu um troço da estrada circular da cidade. Falando em nome do grupo, a porta-voz, Joelma Martins, ressaltou que a radiografia permitiu identificar os problemas que o país enfrenta para viabilizar a busca de soluções pontuais para cada caso.

Considerou os esforços do Executivo evidentes e apelou ao contributo de todos em função da especialidade individual.

Nesta missão, Joelma Martins aconselha os jovens a elaborarem projectos para alavancar o Turismo e a Agricultura. Referiu que a realidade apurada vai ajudar a contrapor "informações deturpadas, passadas através das redes sociais sobre a alegada pobreza generalizada no seio da população do país".

 

Justino Victorino | Huambo e Kamuanga Júlia | Lunda-Sul

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