Cultura

Angolanos e moçambicanos reflectem sobre protecção dos valores africanos

Maximiano Filipe|Benguela

Jornalista

A Brigada Jovem de Literatura de Angola (BJLA), na província de Benguela, promoveu, quinta-feira, um encontro de reflexão sobre os melhores mecanismos de participação da juventude na preservação dos valores da africanidade.

28/05/2023  Última atualização 07H00
Jurista Rosileine Honório © Fotografia por: Maximiano Filipe | Edições Novembro
O evento contou com a parceria do colectivo de jovens provenientes de Moçambique, encabeçado pelas escritoras Lídia Mathe e Ozona Monjane, tendo juntado mais de 50 jovens de diversos estratos sociais.

Na ocasião, o professor Dinis Sócala, do Instituto Superior de Ciências da Educação (ISCED), de Benguela,  disse que uma das melhores formas de se reclamar o lugar certo da africanidade, e evitar a imposição em termos de civilização europeia, passada pela formação, é a descoberta de valores sublimes deste continente berço.

Para ele, é possível evitar com que a África seja apregoada a outros hábitos, costumes, contrariamente à realidade dos povos lo-cais, acrescentou.

O docente considerou, também, a qualificação académica, técnica e profissional como pilar fundamental para  garantir uma participação responsável da juventude na preservação dos valores sublimes de África.

Exortou a juventude a não se deixar enganar por certas influências tendenciosas, que contrariam os verdadeiros valores da africanidade, assim como não perderem tempo com práticas arruaceiras, visto que não dignificam a cultura real do seu continente. A juventude, disse, deve, acima de tudo, promover o respeito aos mais velhos, por estes serem os detentores da verdade histórica oral dos hábitos e costumes do nosso continente.

A jurista Rosileine Honório referiu que a juventude deve assumir a sua própria identidade, e perceber que a solução dos seus problemas deve ser, antes de tudo, analisada e resolvida no seu próprio continente. O respeito aos mais velhos, a preservação do património pú-blico, a promoção da cultura que contribui na estabilidade da soberania africana e de cada nação, em particular, são elementos fundamentais que respondem aos verdadeiros pilares da grandeza africana, acrescentou.

Referiu que as tradições positivas, sobretudo, as línguas africanas, a conservação dos objectos naturais, a dedicação ao trabalho de campo, a vivência em clima de harmonia e união, são de igual modo aspectos que caracterizam os africanos e, por isso, merecem também ser preservados.

A escritora moçambicana Lídia Mathe disse que, tal como Angola, o povo moçambicano tem vindo, também, a sensibilizar as comunidades no sentido de se preservar, cada vez mais, os valores dos povos africanos e a troca de experiência com Angola, nesse domínio, "é um valor acrescido para que Moçambique continue firme nesse desafio de combater a inculturação”. Agostinho Sanjambela, músico do estilo "Rock’n Roll”, referiu que a verdadeira matriz que caracteriza a essência africana tem se perdido de tempos em tempos, prova disso é a forma de falar e vestir de muitos africanos, mais voltada à cultura europeia, facto que constitui um perigo para os valores que a África tem, bem como para as futuras gerações, o que se torna urgente mudar esse quadro.

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