Opinião

Angolanos e congoleses estreitam a cooperação

Filomeno Manaças

Empresários angolanos e congoleses estiveram reunidos, segunda e terça-feira, no 2º Fórum Económico Angola-RDC, para trocar impressões e explorar a melhor via para expandir as relações comerciais entre os dois países, numa altura em que a realidade mostra um crescimento das trocas, mas, também, que os números estão longe do potencial que há de ambos os lados.

17/11/2023  Última atualização 06H05
De acordo com os dados divulgados, as exportações angolanas para a RDC cifraram-se em 81 milhões de dólares em 2022, ou seja, mais 21 milhões de dólares do que no ano anterior, que foi de 60 milhões de dólares.

Os relatos que temos vindo a ter apontam para uma procura crescente, no mercado angolano, essencialmente de produtos agrícolas, da indústria de plásticos e pescado, por parte de cidadãos congoleses. Entre os agrícolas o feijão aparece como o rei, ao ponto de comerciantes congoleses co-financiarem a sua produção e adquirirem-na, praticamente na totalidade, antes mesmo do tempo da colheita chegar.

Esta é uma forma de os agricultores angolanos se sentirem incentivados a aumentar a produção e a produtividade. É tempo de se começar a olhar de forma mais séria para a mecanização agrícola, para a correcção dos solos e para o uso adequado de fertilizantes, o que vai permitir atender a demanda externa sem que haja queixas em relação à  escassez de produtos para consumo interno.

A RDC, com 80 milhões de habitantes, é um potencial mercado para os produtos angolanos, ao qual é preciso prestar especial atenção e acompanhar a dinâmica de crescimento e evolução. Trata-se de uma oportunidade de negócios que está à mão de semear, que tem a vantagem de as mercadorias não precisarem de viajar por longas distâncias de barco, havendo necessidade, entretanto, de melhorar as vias rodoviárias por onde circulam as transportadoras.

As autoridades de ambos os países, que uniram esforços para realizar este 2ª Fórum Económico - o primeiro teve lugar em Kinshasa, a 31 de Julho e a 1 de Agosto  -, têm estado engajadas em criar as condições para que a cooperação empresarial e as trocas comerciais contribuam para o desenvolvimento social e económico bilateral.

Quanto mais entrosadas as economias africanas estiverem, e, no caso vertente, a angolana e a congolesa, maiores serão as possibilidades de se combater a pobreza, o desemprego e outros fenómenos negativos como a imigração descontrolada e ilegal.

Em 2020, Angola emitiu um decreto presidencial (o 235/20, de 16 de Setembro), destinado a regular o trânsito de pessoas e mercadorias e, com isso, facilitar o comércio, através da criação de Postos Fronteiriços de Paragem Única.

A delegação congolesa foi, no final dos trabalhos do 2ª Fórum, visitar a Zona Económica Especial (ZEE), que é uma montra do que Angola produz e exporta para vários países, incluindo a própria RDC. O ministro da Economia Nacional congolês, Jean Lucien Bussa Tongba, aproveitou a ocasião para dar a conhecer o compromisso de os dois países continuarem a trabalhar para eliminar barreiras e promover parcerias.

O facto de a Câmara de Comércio e Indústria Angola-RDC ter no seu registo a existência de 613 empresas de diversas dimensões, das quais 125 de direito congolês, e haver relatos de que mais de 100 empresários angolanos conseguiram criar empresas no Congo, muitas entretanto não filiadas na Câmara, diz bem do interesse que esse mercado está a suscitar e da crescente vitalidade das relações comerciais bilaterais.

Além de membros dos dois governos, de instituições públicas e privadas, o Fórum Económico de Luanda contou com a presença de 200 participantes, um total de 20 empresas congolesas, investidores nacionais e estrangeiros que seguiram de perto as abordagens dos temas "Acções de cooperação económica entre Angola e RDC”, "Ponto de situação de pessoas e circulação de bens nas fronteiras”, "Parcerias económicas, rumo ao crescimento mútuo”, entre outros aspectos.

Pretende-se que as iniciativas empresariais estejam em perfeita sintonia com o quadro regulatório que tem vindo a ser criado, que se desenvolva num ambiente de garantias jurídicas e que contribua para que os dois Estados possam encaixar receitas aduaneiras que lhes permitam reinvestir na melhoria das infra-estruturas que dão suporte ao comércio bilateral.

Da parte de Angola, é reconfortante constatar que a RDC é o principal destino das exportações de produtos no âmbito do Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações, lançado no final de 2019.

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