Política

Angola quer dinamizar a cooperação com investimento privado no Japão

Geraldo Quiala e Isaque Lourenço | Tóquio

O Presidente da República afirmou, esta segunda-feira, em Tóquio, que as relações com o Japão são muito boas, tendo manifestado a intenção de aumentar o nível da cooperação entre os dois países, com o desejo de ver investimentos nacionais no mercado nipónico.

14/03/2023  Última atualização 07H12
Presidente da República, João Lourenço, e o Primeiro-Ministro japonês, Fumio Kishida, avaliaram, durante um encontro de trabalho, a possibilidade do reforço das relações © Fotografia por: Kindala Manuel | Edições Novembro | Tóquio

Falando a jornalistas no encontro com o Primeiro-Ministro nipónico, Fumio Kishida, João Lourenço disse que o objectivo da visita oficial ao Japão está centrado no reforço dos laços de amizade e cooperação existentes entre ambos Estados. "As relações entre os nossos países foram estabelecidas em 1976, precisamente um ano após a proclamação da Independência Nacional. Desde esta altura para cá, nós consideramos que essas relações são muito boas, damos uma nota positiva. Mas não estamos satisfeitos ainda com o nível de cooperação entre os nossos dois países”, sublinhou. De acordo com o Presidente da República, existe um potencial grande ainda por se explorar nas relações de cooperação entre Angola e o Japão.

O Chefe de Estado disse que Angola tem beneficiado já de importantes financiamentos por parte do Japão, sobretudo, para a construção de infra-estruturas públicas, que são fundamentais para o desenvolvimento de qualquer economia. "Existe algum investimento privado japonês em Angola. Não estamos satisfeitos com esse volume de investimento privado”, reiterou o Presidente João Lourenço. A nível de investimento angolano no Japão, o Chefe de Estado reconheceu que "é praticamente incipiente”. Por isso, o Presidente manifestou o desejo de que haja um crescimento de forma substancial. "Daí a razão de termos trazido alguns dos nossos empresários aqui a Tóquio e que estiveram hoje (segunda-feira) a participar e a interagir com os empresários japoneses, no Fórum de Negócios”, concluiu.


Investimento privado nos dois sentidos

João Lourenço disse que acredita no investimento privado nos dois sentidos, com mais dinamismo.

Segundo o Presidente da República, que se faz acompanhar de empresários angolanos e alguns responsáveis de departamentos ministeriais nesta missão à terceira maior economia global, os investidores japoneses, em Angola, e os investidores angolanos no Japão, vão ter melhores dias a partir do momento em que se conseguir assinar entre os dois países o Acordo de Protecção Recíproca de Investimentos.

"Um acordo que está a ser negociado há já algum tempo e que estamos esperançados em conseguir concluir a negociação muito em breve e realizarmos a sua assinatura, aqui em Tóquio ou em Luanda”, reafirmou João Lourenço durante as declarações à imprensa.

No pronunciamento dos dois políticos, sem direito a perguntas dos jornalistas no Palácio de Kantei, o Presidente da República considerou que "tão logo isso aconteça” a situação poderá alterar.

"Nós estamos esperançados e porque existe vontade de ambos lados, estamos esperançados que o investimento privado nos dois sentidos  vai acontecer numa dimensão bem maior do que a actual”, reforçou.

Nesta sua primeira deslocação ao Japão depois de reeleito em Agosto último ao cargo de Presidente da República, João Lourenço, resumiu, igualmente, os assuntos abordados com Fumio Kishida, Primeiro-Ministro do Japão, no encontro em Tóquio. "Nós passámos em revista, não apenas assuntos da nossa relação bilateral, alguns projectos. O Primeiro-Ministro japonês acabou de citar e eu não vou repetir, assim como também abordámos questões da política internacional, nomeadamente, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, das suas consequências, não apenas para o povo ucraniano, mas de uma forma geral para todo o mundo”, disse.

 

Guerra na Ucrânia

O Presidente da República reiterou, esta segunda-feira, o desejo de uma solução pacífica para o conflito fronteiriço no Leste da Europa.

"Esta é uma guerra que quer Angola quer o Japão condenam. Portanto, aí há identidade do ponto de vista. Condenamos esta guerra e exigimos o fim da mesma. Um cessar-fogo imediato, que possa permitir o início de negociações que possam trazer uma paz duradoura. Não apenas para a Ucrânia, mas uma paz duradoura para todo o continente europeu e, porque não, para o mundo”, ressaltou.

Para o Chefe de Estado angolano, esta "é uma guerra que tem uma dimensão internacional, uma vez que causou uma crise alimentar, que a todos afecta, uma crise energética que, igualmente, a todos afecta”.

Por isso, acrescentou, que "é obrigação de toda a comunidade internacional tudo fazer” no sentido de se conseguir o fim imediato da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. O Presidente angolano mostrou-se aberto em continuar a abordar o assunto, até mesmo durante o jantar que se seguiu a estas declarações à imprensa.

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