Especial

Angola manifesta solidariedade ao povo e Governo chinês pelas últimas enchentes

Ana Paulo

Jornalista

O ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano, expressou, em nome do Executivo angolano, a total solidariedade ao Governo e povo chinês, pelas enchentes causadas por fenómenos naturais, que têm assolado parte da República Popular da China.

15/08/2023  Última atualização 08H05
Ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano © Fotografia por: Edições Novembro
Ao discursar no domingo, na 2ª Reunião da Comissão Orientadora para a Cooperação Económica e Comercial entre Angola e China, José de Lima Massano reconheceu que os fenómenos naturais têm provocado perdas irreparáveis, mas que serão ultrapassados.

Além de encorajar o Governo chinês pelas tempestades registradas na China nos últimos dias, o ministro de Estado disse acreditar na resiliência do povo chinês, que será capaz de ultrapassar tal adversidade.

As enxurradas e tempestades no Norte da China foram causadas pela passagem do tufão Doksuri, responsável pelo rastro de destruição que interrompeu o abastecimento de alimentos e produtos no país. Segundo informações do jornal online chinês "Diário do Povo”, até a passada quinta-feira, 29 pessoas morreram em desastres desencadeados pela recente rodada de chuva forte na província de Hebei, no Norte da China, enquanto 16 pessoas continuavam desaparecidas.

Ainda na quinta-feira às enchentes haviam afectados 3,89 milhões de pessoas e 319,7 mil hectares de plantações, com 131,5 mil hectares sendo destruídos. As áreas de residências também sofreram perdas com 40,9 mil casas desabadas, enquanto 155,5 mil casas foram severamente danificadas. Além disso, 1.150 escolas primárias e secundárias, assim como jardins-de-infância foram danificadas.

Na manhã da última sexta-feira, chuvas torrenciais e inundações severas causaram estragos em 110 distritos e cidades da província. A infra-estrutura local foi danificada, incluindo instalações de transporte, electricidade, comunicação e água, nas áreas afectadas pelos desastres.

A província sofreu uma perda económica directa de 95,81 bilhões de yuans, equivalente a 13,38 biliões de dólares, e a extensão geral dos desastres ainda está a ser avaliada e verificada.

 

Histórico de inundações na China

As inundações têm sido recorrentes na China desde 2021, quando mais de 300 pessoas morreram na província central de Henan. Chuvas recordes inundaram a capital provincial de Zhengzhou, a 20 de Julho daquele ano, transformando ruas em rios caudalosos e inundando pelo menos parte do sistema de metro.

Entretanto, as inundações mais mortais e destrutivas na história recente da China ocorreram em 1998, quando 4.150 pessoas morreram, a maioria delas ao longo do rio Yangtsé.

Cheias de 2020

Desde o início de Junho de 2020, as inundações afectaram severamente grandes extensões do Sul da China, devido às fortes chuvas causadas pela estação chuvosa regional, principalmente ao redor da bacia do Yangtze e seus afluentes, com chuvas que devem atingir o Centro e o Leste da China em Julho, descrito como o pior, desde pelo menos 1998.

Segundo o Ministério de Gerenciamento de Emergências, até o final de Junho as inundações haviam deslocado 744.000 pessoas em 26 províncias, com 81 pessoas desaparecidas ou mortas. No início de Julho, o South China Morning Post informou que cerca de 20 milhões de moradores foram afectados e pelo menos 121 pessoas estavam mortas ou desaparecidas.

A 28 de Julho, as inundações afectaram 54,8 milhões de pessoas em 27 províncias, regiões e municípios autônomos, 158 pessoas foram encontradas mortas ou desaparecidas e 41.000 casas desabaram.

O Ministério de Recursos Hídricos disse que um total de 443 rios foram inundados em todo o país, com 33 deles atingindo os níveis mais altos já registrados.

Segundo estatísticas da Administração Nacional do Património Cultural, 76 importantes relíquias culturais nacionais e 187 locais provinciais do património cultural sofreram danos de vários graus.

As regiões afectadas incluem Guangxi, Guizhou, Sichuan, Hubei e Chongqing. As regiões abrangem a bacia superior e média do rio Yangtze e seus afluentes. Com mais chuva, as inundações começaram a se estender às regiões mais baixas da bacia do Yangtze, como Anhui, Jiangxi e Zhejiang. Hunan, Fujian e Yunnan também foram afectados.

Os piores desastres naturais

A Grande Inundação do Rio Amarelo (Huang Ho), em 1931, é considerada um dos piores desastres naturais já ocorridos em todos os tempos, em número de vítimas fatais. Estima-se que foram mortas de 1 milhão a 4 milhões de pessoas, incluindo-se aí os efeitos secundários da inundação, como destruição de casas e lavouras, fome e desabrigados.

Não houve apenas enchentes na bacia do Rio Amarelo, pois todos os grandes rios da China, como o Rio das Pérolas, o Yangtzé e o Rio Huai causaram inundações nesse ano.

Entre Julho e Novembro, cerca de 88 mil quilómetros quadrados ficaram completamente inundados, enquanto outros 21 mil quilómetros quadrados ficaram parcialmente alagados.

De 1928 a 1930, a China foi afligida por uma longa seca. O Inverno subsequente de 1930 foi particularmente rigoroso, criando grandes depósitos de neve e gelo em áreas montanhosas. No início de 1931, a neve e o gelo derretidos fluíram rio abaixo e chegaram no curso médio do Yangtze durante um período de fortes chuvas de Primavera. Normalmente, a região passava por três períodos de cheia durante a Primavera, Verão e Outono, respectivamente. No entanto, no início de 1931, houve um único dilúvio contínuo. Em Junho, os moradores de áreas baixas já haviam sido obrigados a abandonar as suas casas. O Verão também foi caracterizado por extrema actividade ciclónica. Somente em Julho daquele ano, nove ciclones atingiram a região, que foi significativamente acima da média de dois por ano.

Quatro estações meteorológicas ao longo do rio Yangtze relataram chuva, totalizando mais de 600 mm (24 in). A água que flui através do Yangtze atingiu seu nível mais alto desde que a manutenção de registos começou em meados do século XIX. Naquele Outono, mais chuvas fortes agravaram o problema e alguns rios não retornaram aos seus cursos normais até Novembro.

As cheias inundaram aproximadamente 180.000 quilómetro quadrados – uma área equivalente em tamanho à Inglaterra e metade da Escócia, ou a Nova Iorque, Nova Jersey e Connecticut, nos Estados Unidos da América.

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