O instrumento jurídico foi rubricado pelo ministro das Relações Exteriores, Téte António, e a ministra dos Negócios Estrangeiros de El Salvador, Alexandra Tinoco, à margem dos trabalhos da Assembleia-Geral das Nações Unidas.

Em declarações aos jornalistas, o ministro Téte António justificou o estabelecimento de relações diplomáticas com aquele país da América Central pelas similitudes que tem com Angola.

Téte António contou que El Salvador, tal como Angola, passou por um longo conflito armado, agora é um país estável e também esteve empenhado na reconstrução pós-conflito.

"É normal que pensemos em formalizar relações diplomáticas com El Salvador”, declarou o ministro das Relações Exteriores, anunciando como próximo passo a realização de reuniões bilaterais para consultas políticas, que poderão evoluir para a Comissão Mista e troca permanente de visitas.

O chefe da diplomacia angolana disse que o mesmo exercício será feito com a Guatemala e a República Dominicana, países com os quais Angola pretende, também, rubricar acordos para o estabelecimento de relações diplomáticas.

"Aproveitando a presidência de Angola na Organização dos Estados da África, Caraíbas e Pacífico e a presença angolana na América Latina gostaríamos de estender a amizade que temos com os povos destes países e com os países com os quais queremos estabelecer relações que possam ter conteúdo que satisfaça interesses bilaterais”, afirmou.

A República de El Salvador é um país  da América Central. Faz fronteira a Nordeste com as Honduras, a Noroeste com a Guatemala e a Sul com o Oceano Pacífico, com uma extensão territorial de 21.041 quilómetros quadrados.

A população do país está estimada em 6,5 milhões de habitantes, de acordo com a mais recente actualização da Direcção Geral de Estatística do país.

A economia salvadorenha experimentou uma série de resultados sob sucessivos governos do partido ARENA em iniciativas de mercado livre e modelos de gestão fiscal que incluem a privatização do sistema bancário, telecomunicações, pensões públicas, distribuição de energia eléctrica e uma participação na geração de electricidade, redução de tarifas, eliminação dos controlos de preços e melhoria da aplicação dos direitos de propriedade intelectual.

O PIB tem crescido a um ritmo constante, mas modesto, após a assinatura dos acordos de paz em 1992, num ambiente de estabilidade macroeconómica.

Encontro com Blinken

Ainda na segunda-feira, à margem dos trabalhos da Assembleia-Geral da ONU, Téte António participou de um encontro colectivo,em  Nova Iorque,  entre os ministros dos Negócios Estrangeiros dos países africanos banhados pelo Atlântico e o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.

Nesta reunião, também participou um representante da União Europeia, que foi co-signatária da Declaração Conjunta Sobre Cooperação Atlântica, emitida em Setembro de 2022, em Nova Iorque.

Na Declaração, os Estados banhados pelo Oceano Atlântico partilham o compromisso de manter a região atlântica pacífica, estável, próspera, segura e cooperante, bem como preservar este recurso marítimo saudável, sustentável e resiliente para as gerações vindouras.

Os co-signatários do documento reconhecem o Oceano Atlântico como um "importante recurso” para o desenvolvimento e bem-estar no momento actual e futuro dos países, e que oferece um grande potencial económico, desde os recursos naturais às novas tecnologias.

Por considerarem ainda o Oceano Atlântico um regulador do clima e uma fonte vital de alimentos, os Estados comprometem-se com o Direito Internacional e com um multilateralismo mais forte, inclusivo e eficaz, tendo como alicerce a Carta das Nações Unidas.