Política

Angola desmente envio de tropas para apoiar Rússia na guerra contra Ucrânia

O Governo de Angola desmentiu, sexta-feira, de forma veemente, por intermédio do Ministério das Relações Exteriores (MIREX), a informação avançada, neste dia, pela estação televisiva CNN-Portugal, segundo a qual teria enviado mercenários angolanos para apoiar a Rússia na guerra contra a Ucrânia.

25/03/2023  Última atualização 08H00
© Fotografia por: Edições Novembro

De acordo com a nota de protesto do Ministério das Relações Exteriores, a informação, que considera falaciosa, constitui uma vontade deliberada para manchar e desacreditar a boa imagem das autoridades angolanas ao mais alto nível.

O Ministério das Relações Exteriores esclarece que Angola já foi, nos primórdios da sua Independência, vítima de "mercenarismo", tendo, por isso, condenado, sempre, tais acções com medidas enérgicas e exemplares, de modo a desencorajar práticas do género.

O Ministério das Relações Exteriores lamenta o facto de a CNN-Portugal não ter exercido o contraditório, referindo que teve toda a possibilidade para o fazer.

"Esta acção da estação de televisão CNN-Portugal em nada abona para o bom relacionamento entre a República de Angola e a República Portuguesa”, lê-se na nota de protesto do Ministério das Relações Exteriores, que manifesta desagrado junto das autoridades portuguesas, perante o prejuízo causado por este acto "irresponsável e reiterado” da CNN-Portugal.

A posição de Angola, face ao conflito Rússia-Ucrânia, tem sido, desde o início, de cessar-fogo entre as partes, com base no diálogo.

Esta posição foi reiterada, em Janeiro deste ano, pelo ministro das Relações Exteriores, Téte António, durante a visita do homólogo russo a Angola, Sergey Lavrov.

 "Tendo em conta a relação histórica com a Rússia e as relações que temos, também, com a Ucrânia, pensamos que é aplicável, aqui, o princípio da não indiferença, defendido pela União Africana”, sublinhou o chefe da diplomacia angolana, na presença de Sergey Lavrov.

Téte António fez saber que, no âmbito regional, Angola privilegia o diálogo inclusivo, os compromissos políticos, assentes no interesse nacional, para o restabelecimento da ordem constitucional, de modo a garantir a estabilidade dos países em conflito, respeitando, sempre, o princípio da não ingerência nos assuntos internos de cada um dos Estados.

De acordo com o ministro das Relações Exteriores, Angola defende a via negocial e a busca por uma solução mutuamente aceite e contra todos os flagelos que afectam a estabilidade e o desenvolvimento, primando, sempre, pelo respeito internacional.

Téte António manifestou, nessa ocasião, a preocupação do Governo angolano com as inúmeras baixas humanas e a destruição de infra-estruturas provocadas pelo conflito entre a Rússia e a Ucrânia.

"A guerra constitui uma ameaça à paz e à segurança internacional, o que nos leva a concluir que todas as nações do mundo são vítimas, de várias formas, deste conflito”, ressaltou, na ocasião, o chefe da diplomacia angolana, tendo encorajado as autoridades russas a darem uma oportunidade de resgatar o estatuto e o prestígio do país e da história, estabelecendo um cessar-fogo definitivo, que possa restabelecer um clima de paz mundial.

Conflito na Europa é uma séria ameaça à paz mundial

No discurso por ocasião da apresentação de cumprimentos de ano nov o ao corpo diplomático acreditado em Angola, em Janeiro deste ano, no Jardim do Palácio Presidencial, o Presidente João Lourenço considerou a guerra contra a Ucrânia uma séria ameaça à paz e à segurança não apenas para a Europa, mas a nível global, lembrando que a mesma já provocou a maior crise energética, alimentar e humanitária que o mundo conheceu após a II Guerra Mundial.

Por essa razão, o Presidente da República, João Lourenço, salientou a toda a comunidade internacional que Angola é pela paz e concórdia entre os povos e pela resolução pacífica dos conflitos entre as nações.

"Exortamos ao estabelecimento de um cessar-fogo definitivo e incondicional por parte da Rússia, para que se crie o necessário ambiente negocial entre as partes envolvidas, que leve à construção de uma paz sólida e duradoura nesse continente”, exortou, na altura, o estadista angolano.

Para o Presidente da República, a realidade de hoje contrasta com o estatuto e prestígio granjeados pela Rússia, de ter sido, com os aliados de então - os EUA, o Reino Unido e a França - os que libertaram a Europa e o mundo da ocupação e da ameaça nazi.

"É hora de negociar e fazer a paz. O mundo reconhecerá esse passo na direcção certa da história”, destacou o Presidente João Lourenço na ocasião.

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