Cultura

Ângela Ferrão propõe regravação dos sucessos das homenageadas

Armindo Canda

Jornalista

A cantora Ângela Ferrão sugeriu, na sexta-feira, em Luanda, durante o concerto “Trajectória”, promovido no Palácio de Ferro, a regravação das canções de Belita Palma e Lourdes Van-Dúnem, como forma de deixar um legado às novas gerações.

31/03/2024  Última atualização 09H15
Autora do sucesso “Wanga” interpretou mais de 13 canções na noite que agradou a plateia © Fotografia por: Joaquim Armando | Edições Novembro

Em declarações ao Jornal de Angola, a cantora referiu que Belita Palma e Lourdes Van-Dúnem foram mulheres guerreiras que muito contribuiu para a afirmação e valorização do género na música angolana. Por isso, acredita, as músicas das cantoras devem ser regravadas para que o legado delas perpetue-se. "As canções de Belita e Lourdes são bastante ricas em melodias”, sustentou.

Ângela Ferrão disse que o desafio de interpretar estas duas ícones do music hall angolano, não foi difícil, por ter vários ensaios e apoio de pessoas que melhor dominam a língua Kimbundu. "Foi para mim desafiador interpretar estas duas figuras e foi um exercício agradável recordar as canções das homenageadas. O público interagiu muito connosco, tanto é que no final do concerto pediram que repetíssemos uma música, isso mostra que gostaram da nossa performance”.

Ângela Ferrão destacou a importância da formação como a base da continuidade da música angolana. A cantora disse que, actualmente, as artistas têm estado a apostar na formação musical, porque durante algum tempo cantavam por curiosidade, imitação, autodidatismo ou por talento natural. Actualmente, argumentou, além do talento e da força de vontade das mulheres, é importante apostar-se na formação profissional quer em canto e nos instrumentos musicais para uma melhor qualidade do produto final.

No passado, recordou, as mulheres enfrentavam muitas dificuldades para se impor no mercado musical, mas hoje, o cenário mudou positivamente. A cantora admitiu que têm surgido grandes vozes femininas a pisar os palcos nacionais. Ângela Ferrão realçou que a nova geração tem conseguido afirmar-se nos ritmos musicais tradicionais e contemporâneos, o que tem melhorado a qualidade do produto final.

"As canções estão com maior qualidade e a dar prestígio ao género feminino.” Com uma vasta bagagem profissional, a cantora tem procurado partilhar as suas vivências enquanto artista com outras colegas de profissão, sobre a condição pela qual as sociedades sempre remeteram as mulheres para segundo plano, em todas as áreas do conhecimento.

A cantora reconheceu que ainda existe um caminho longo a percorrer no exercício das actividades artísticas, sobretudo no posicionamento que as mulheres devem ter no contexto musical.

"As mulheres devem continuar a trabalhar para conquistarem um lugar sólido na edificação da música nacional. Isso só será possível se continuarmos a apostar na formação musical que vai permitir despontar o potencial que cada uma possui em benefício da arte.”

Ângela e Selda criam afinidades em palco durante duas horas

No primeiro bloco, as intérpretes cantaram sucessos como "Caminho do Mato”, "Suzana” "Monami” na voz de Selda, enquanto que Ângela Ferrão interpretou as músicas "Kua vulu kua Iba”, "Fidel de Castro” e "Imbwa kegia ngana Yé”.

Temas como "Manazinha” e "Mwabelele” juntou as duas artistas em dueto, merecendo fortes aplausos do público pela brilhante actuação. No terceiro bloco a "menina dos pés descalços” e autora do sucesso "Wanga” continuaram a vibrar em palco ao interpretar temas como "Nguxi” "Tic Tac”, "4 de Fevereiro” e "Hima”.

Para fechar a noite de espectáculo, as artistas desafiadas a interpretarem Belita Palma e Lourdes Van- Dúnem encerraram o quarto bloco ao recordarem a canção "Ser Mulher”, uma homenagem a todas as mulheres angolanas.

Em declarações ao Jornal de Angola, no final do concerto, a espectadora Maria Silva disse que a homenagem à Belita Palma e Lourdes Van-Dúnem foi merecida. A anciã referiu que as artistas escolhidas saíram bem, embora precisem melhorar o Kimbundu. "Foi muito bom ouvi-las e remeteram-nos ao passado que marcou de forma significativa a nossa geração”, argumentou.

Dona Maria Silva realçou, ainda, que as artistas homenageadas foram mulheres heróicas e destemidas que denunciavam nas suas canções as opressões do sistema colonial português”.

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