O escritor Albino Carlos lançou, na noite de quinta-feira, na União dos Escritores Angolanos, o livro de contos intitulado “Os funerais de Manguituka, o terrível bandido & outros mambos”, sob chancela da editora Acácias.
"Este livro é uma homenagem aos grandes contadores de histórias no nosso país, à dimensão de Luandino Vieira ou Boaventura Cardoso. Por outro lado, também serve para homenagear contadores de histórias como Uanhenga Xitu e outros, que fazem da palavra uma oficina. São daqueles criadores que colocam em papel a forma de ser dos angolanos, como vivem, namoram e morrem”, justificou o escritor.
Um dos mais aclamados escritores angolanos da actualidade, Albino Carlos partilhou que tem muitas dificuldades em escrever contos, por ser o género que o obriga a condensar grandes ideias em poucas palavras.
O escritor sublinhou que escolheu publicar pela editora Acácia como forma de incentivar um dinamismo literário que um certo grupo de jovens tem desencadeado em Angola. "Os movimentos Levart e Litteragris têm feito com que a União dos Escritores Angolanos, esta casa de muito respeito, tenha mais actividades. Têm levado livros e promovido a cultura da leitura a todos”, disse.
Por sua vez, Adriano Mixinge, nas vestes de apresentador da obra, destacou que a mesma é um conjunto de 11 relatos, dos quais nem todos são contos, classificando alguns como a caracterização dos momentos de vivências do autor, que no livro adquirem outra vida, cor e matiz.
"Albino Carlos é um escritor que fala sempre a partir do Musseque e as suas histórias. A violência e carinho deste espaço é o lugar que, noutras obras anteriores conjuga as músicas em kimbundu, como o lugar da farra, do luto e da reflexão. Entre o humor, afectos e ridicularização da personagem, o livro é sobretudo produto de um autor culto”, analisou.
O crítico literário Hélder Simbad, igualmente nas vestes de apresentador da obra, pontuou que o escritor apresenta um conjunto de contos que reflectem a sociedade angolana, desde a guerra civil até a actualidade.
"O escritor encontra nas reminiscências da infância e sobriedade de homem adulto a possibilidade de construir histórias memorativas. O primeiro conto traz a força dos provérbios em kimbundu, para contextualizar a morte de um anti-herói, um psicopata que mesmo depois de morto continuaria a ser temido”, detalhou.
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