A exposição fotográfica do artista angolano Pedro Yaba, intitulada "Simbiose" lança luz sobre a importância histórica da indústria mineira na economia nacional afirmou, segunda-feira, o secretário de Estado para Sector dos Recursos Minerais, Jânio Victor.
O músico Vui Vui e o artista plástico Horácio Dá Mesquita felicitaram a elevação dos géneros de dança e música kizomba, assim como a tchianda e os instrumentos musicais marimba e quissange a Património Imaterial Nacional, pelo Ministério da Cultura.
A nossa velhinha cidade de Luanda “Quadricentenária e com mais 47 anitos”, a mais antiga de Angola, foi fundada a 25 de Janeiro de 1576 pelo português Paulo Dias de Novais. São Paulo de Loanda, hoje cidade de Luanda, mesmo com todas as suas “malambas”, mantém-se firme e acolhedora.
Mais de 7 milhões de habitantes esmeram-se quotidianamente, de diferentes formas, para o seu ganha-pão, dando o seu contributo ao bem-comum e à preservação dos encantos nos quais músicos como Duo Ouro Negro, Dionísio Rocha, André Mingas e Carlos Burity, só para citar alguns, se inspiraram para compor músicas de exaltação à nossa também chamada Cidade da Kianda.
Ah, que saudades dos "Tempos que o tempo já levou”, quando na infância dávamos os mergulhos nas aprazíveis praias da Ilha de Luanda, das excursões à Floresta da Ilha, dos passeios ao Largo do Baleizão para degustar os apreciáveis gelados, dos divertidos momentos passados na Feira Popular e na FILDA, das digressões à vista privilegiada do Miradouro da Lua, das fimbas na praia do Museu da Escravatura, do lazer passado na acolhedora estância turística da Ilha do Mussulo... ai que saudades da capital angolana nas décadas de 60, 70 e princípios de 80...
Na cidade, que na altura albergava mais de 500 mil habitantes, imperava o respeito e cumpriam-se as regras de convivência salutares, as famílias na sua maioria conheciam-se, as vizinhas eram consideradas como família, os professores, mesmo com as fortes reguadas, método hoje descontinuado, eram os mestres do conhecimento e respeitados, assim como o eram os enfermeiros, que mais contacto tinham com os cidadãos-pacientes, e os comerciantes que se notabilizaram nos vários bairros, a julgar pelos famosos vales, hoje chamados kilapi, que concediam aos fregueses...
Mudam-se os tempos e mudam-se também os hábitos e costumes e a capital angolana, descrita e cantada "Minha cidade é linda, é de bem-querer, a minha cidade é linda, hei-de amá-la até morrer”, não fugiu à regra. Hoje assiste-se a uma inversão da sua identidade, trânsito infernal, venda desordenada nas várias artérias com zungueiros por tudo que é canto a venderem de tudo um pouco e de forma anárquica, o que era impensável noutrora.
Ah, que o digam as mamãs dos mercados do São Paulo, Congolenses, Kinaxixi e Regedoria de Viana... um aparte aqui para fazer uma colação à venda ambulante que era permitida na altura, feita por algumas peixeiras e vendedeiras com balaios de peixe fresco à cabeça, frutas, legumes e verduras com que desfilavam por alguns bairros com cânticos que funcionavam como autênticos chamarizes às donas de casa para a compra daqueles alimentos fresquinhos, para confecção na hora.
Oh, que nostálgicos momentos vividos na nossa Luanda, os "trumunus” de futebol nos areais dos variadíssimos bairros, hoje muitos deles tomados por betão, do tempo passado nos emblemáticos jardins e zonas verdes da cidade, na Mutamba, no Alvalade, na Vila Alice, bem como na privilegiada vista panorâmica da Fortaleza de São Miguel, entre outros agradáveis locais, dos filmes assistidos nos cinemas espalhados pela urbe, as farras de quintal, em alguns casos no formato de "Junta panelas” e também de aniversários, assim como o famoso carnaval de rua que movimentava inúmeros grupos carnavalescos, com folias que alegravam e aqueciam os musseques e algumas áreas urbanas!
De lazer não é tudo. O desporto ficou bem registado nas memórias, com destaque para as renhidas partidas de futebol disputadas nos míticos estádios dos Coqueiros e da Cidadela, entre as nossas grandes equipas, na era colonial e no pós Dipanda já com o nosso Girabola e com os Palancas Negras, onde se distinguem os torneios Angola e Cuba, Angola e Congo Brazzaville, entre outros, assim como os grandes despiques entre automobilistas no autódromo de Luanda, inaugurado a 28 de Maio de 1972, cujo projecto teve o cunho do arquitecto brasileiro Ayrton Cornelsen e do engenheiro Júlio Basso.
Auguramos que alguém de direito conclua esta imponente infra-estrutura da nossa capital e lhe dê a devida dignidade, para que num futuro muito próximo possamos também ser destino turístico de amantes do automobilismo regional e internacional, e que igual intervenção seja extensiva à total reabilitação da Cidadela Desportiva, para o bem do desporto, em particular do futebol, que muitas alegrias nos proporcionou, a julgar pela sua estratégica localização, entre míticos bairros da cidade e a parte urbana, numa grande visão de quem o concebeu, na altura, para acolher um mundial de hóquei em patins, que estava aprazado para Angola, em 1974, e que por razões de contexto político não se consumou.
Este é um modesto retrato de um passado muito recente da nossa maior metrópole, que todos assistimos a se transformar no que é hoje. E como 447 anos não se comemoram sempre, rendamos uma singela homenagem a todos aqueles que, de forma directa ou indirecta, ajudaram a erguer a nossa Cidade da Kianda.
Um recado fica aqui para todos os citadinos, sejam eles os kaluandas de nascença ou os que escolheram Luanda para residir, assim como às autoridades de direito, para que cada um, a seu nível, faça a sua parte para resgatarmos o bom nome, a imagem e a mística desta que já foi considerada das cidades melhores e mais hospitaleiras dos PALOP e da região Austral do nosso continente.
Tal como bem profetizou o nosso Poeta Maior, e aqui fazendo a colação a Luanda, um dia havemos de voltar, aos tempos áureos da linda, ordenada, limpa e acolhedora Cidade da Kianda.
À minha Luanda, à nossa Nguimbe, a todos os luandenses sem excepção, as minhas felicitações por este quadrigentésimo quadragésimo sétimo aniversário, augurando que os próximos anos sejam de uma Cidade da Kianda diferente da actual e para o melhor.
Um Kandandu forte do
munícipe que ama a sua terra natal.
Higino Piedade
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