Coronavírus

África já administrou cerca de sete milhões de doses da vacina

O continente africano já administrou, até ao momento, cerca de sete milhões de doses da vacina contra a Covid-19, apesar de as ter recebido com algum atraso e em quantidades limitadas, se comparado com outras regiões do mundo.

20/03/2021  Última atualização 09H43
© Fotografia por: DR
A revelação é da directora regional da Organização Mundial da Saúde para a África, de acordo com nota da instituição. Matshidiso Moeti falava durante a conferência de imprensa virtual facilitada pelo grupo APO, que contou, entre outras, com a presença da ministra da Saúde de Angola, Sílvia Lutucuta.

A médica, especialista em Saúde Pública, atribuiu o mérito desta conquista à grande experiência do continente em campanhas de vacinação em massa e à determinação, sobretudo, dos seus líderes e populações, em controlar, de forma eficaz, a pandemia da Covid-19.
"Em comparação com países de outras regiões que tiveram um acesso muito mais antecipado a vacinas, a fase inicial de disponibilização em alguns países africanos abrangeu um número muito maior de pessoas", frisou.

Em apenas duas semanas, após ter recebido as vacinas da AstraZeneca, financiadas pela COVAX, o Ghana conseguiu administrar mais de 420 mil doses, tendo, com isto, abrangido mais de 60 por cento da população visada na primeira fase na região de Grande Acra - a mais fustigada pela pandemia.

Estima-se que o país terá, nos primeiros nove dias, administrado doses a cerca de 90 por cento dos profissionais de Saúde. No Marrocos, mais de 5,6 milhões de vacinas foram administradas nas últimas sete semanas. Angola aparece nessa estatística com a cifra de mais de 49 mil pessoas vacinadas, com realce para mais de 28 mil profissionais de Saúde na última semana.

As vacinas aos países africanos chegaram por via da iniciativa Covax, acordos bilaterais e doações. Ao todo, 38 países receberam mais de 25 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 e 30 iniciaram campanhas de vacinação.
Através do mecanismo COVAX - que é co-liderado pela Coligação para as Inovações de Preparação para Epidemias (CEPI), a Gavi, a Aliança para as Vacinas e a Organização Mundial da Saúde (OMS), em parceria com o UNICEF - foram, até ao momento, enviadas para 27 países mais de 16 milhões de doses de vacinas.

Para assegurar o maior impacto possível, disse Matshidiso Moeti, as doses iniciais de vacinas estão a ser limitadas aos grupos populacionais prioritários, incluindo os profissionais de Saúde, os idosos e as pessoas com problemas de saúde que apresentam um risco mais elevado de Covid-19 grave.
Não obstante a disponibilização de vacinas em África estar a decorrer a bom ritmo, a directora regional da OMS para a África disse existir, ainda assim, necessidade urgente de mais doses, "visto que o Ghana, Rwanda e outros países estão prestes a esgotar as quantidades de que dispunham".

A médica acrescenta que os países estão a vacinar a uma velocidade impressionante, razão pela qual defende o asseguramento deste ritmo, de modo a evitar-se o abrandamento do processo para "passo de caracol". "É urgente ter necessárias reservas adicionais para reduzir o número de pessoas por vacinar", alertou.


Doses suspeitas não
chegaram em África

A directora regional da OMS para a África informou que o lote de doses da vacina AstraZeneca, que estará, supostamente, a provocar, na Europa, perturbações raras de coagulação de sangue, em pessoas que receberam a vacina e, por esta razão suspenderam-na, não chegou em África. A responsável exortou, por isso, os países africanos que também suspenderam o processo de vacinação a retomarem.

"A suspensão é relativa a um lote específico da vacina da AstraZeneca que não foi distribuído em África", tranquilizou. Matshidiso Moeti disse que o Comité Consultivo Mundial de Segurança das Vacinas da OMS está a avaliar, de forma cuidadosa, as notificações sobre a vacina da Oxford-AstraZeneca, para compreender plenamente a situação e comunicar as suas conclusões.
Com base no que se sabe actualmente, prosseguiu, a OMS considera que os benefícios da vacina da AstraZeneca são superiores aos riscos, pelo que recomenda que a vacinação prossiga.

O processo de vacinação está a decorrer numa altura em que se ultrapassou a marca dos 4 milhões de casos, com 43 mil novos registos na última semana, e 108 mil vidas perdidas. No último mês, o número de novos casos diminuiu 41 por cento, comparativamente ao anterior. No entanto, tem havido uma tendência ascendente em 12 países, incluindo os Camarões, Etiópia, Quénia e Guiné (onde também está a ocorrer um surto de Ébola).

Participaram na conferência de imprensa virtual, além da ministra da Saúde Sílvia Lutucuta, o Professor William Kwabena Ampofo, presidente da Iniciativa Africana de Fabrico de Vacinas, e Salam Gueye, director do Grupo Orgânico de Preparação e Resposta a Emergências do Escritório Regional da OMS para África.

Marcaram, igualmente, presença neste encontro virtual Richard Mihigo, coordenador do Programa de Vacinação e Desenvolvimento de Vacinas do Escritório Regional da OMS para a África, e Nsenga Ngoy, gestor do Programa de Resposta a Emergências do Escritório Regional da OMS para a África.

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