Economia

África gasta 80 mil milhões de dólares em importações

A conta de importação média no continente africano atingiu um total de 80 mil milhões de dólares, um crescimento de cerca de 6,0 por cento ao ano, disse, na última sexta-feira, em Nairobi, Quénia, a comissária da União Africana para o Departamento da Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Ambiente Sustentável Josefa Correia Sacko.

18/04/2021  Última atualização 17H39
Foco dos governos africanos orientado numa agricultura capaz de responder a actual procura © Fotografia por: DR
A diplomata angolana na Comissão da União Africana teceu estas declarações no lançamento do quadro para impulsionar o comércio intra-africano de produtos e serviços agrícolas, um fórum organizado pela União Africana e o Fundo das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura (FAO).

Segundo Josefa Sacko, a demanda de alimentos  do continente  supera a oferta doméstica  em vinte por cento( 20 por cento), e, para o efeito, deverá o continente   aproveitar as oportunidades de mercado intra-africano de rápido crescimento.
Nesse sentido, aponta o sector da agricultura como crucial, mas que deverá passar por uma transformação estrutural, que implica a mudança de sistemas de produção orientada para o mercado de subsistência para outros que garantam benefícios para os segmentos mais vulneráveis da população, como os  pequenos agricultores, mulheres rurais e estabelecer uma ligação dos agricultores às cadeias de valor regionais e globais.

Reconheceu, por outro lado, o importante papel que o sector agrícola em África desempenha como sector dominante da economia, em termos da contribuição para o crescimento do PIB, emprego e comércio, porquanto os Chefes de Estado africanos se comprometeram a promover o comércio intra-africano de produtos e serviços agrícolas, os mercados e as oportunidades de comércio local, regional e internacionalmente.

Para esse fim, de acordo com Sacko, resolveram triplicar, até o ano 2025, o comércio intra-africano de produtos e serviços agrícolas, criar e aprimorar políticas e condições institucionais e sistemas de apoio alimentar, simplificar e formalizar as práticas comerciais actuais, bem como a aceleração do estabelecimento da Zona Continental de Livre Comércio (ZCLC) e a transição para um esquema de Tarifa Externa Comum Continental (TEC).

  Acesso aos mercados é desafio-chave
Segundo Josefa Sacko, o acesso ao mercado continua a ser um desafio-chave, tanto para o comércio intra-africano como para o comércio extra-africano.
Garantiu ainda que a Comissão da União Africana tem apoiado o fortalecimento da capacidade dos órgãos afins  e câmaras do sector  privado doméstico para responder às oportunidades oferecidas  nos acordos da Área de Comércio Livre Continental Africano.

"O comércio da África é responsável por um grande número de comerciantes informais, o que é um sinal de falha institucional e,  é , um testemunho de que há uma escassez de capacidades relacionadas ao comércio”, lamentou.
Ainda assim, garantiu que o estabelecimento da Área de Comércio Livre Continental Africano (AFCFTA) reforça ainda mais os ganhos a serem alcançados na integração regional na abertura de novas oportunidades de mercado aos agricultores e outros operadores.

O alto crescimento populacional, a rápida urbanização e o aumento da renda vai proporcionar uma oportunidade não só para incrementar o comércio de produtos e serviços agrícolas alimentares e não alimentares, mas também aumentar a segurança alimentar, assegurou.

"É do conhecimento comum que África é importadora de alimentos de commodities como cereais, carne, lacticínios, gorduras, óleos e açúcar, já que a demanda por alimentos continua a superar o fornecimento doméstico”, destacou.
Josefa Sacko avançou ainda que a Comissão da União Africana (CUA) desenvolve uma estrutura para impulsionar o comércio intra-africano em commodities  e serviços agrícolas que guiará os Estados membros e parceiros no avanço da implementação das perspectivas e oportunidades  agrícolas  oferecidas pela agenda do AFCFTA.

"Mais uma vez, motivado em parte pelo conhecimento de que a indústria transformadora é responsável por uma parte inferior das exportações de África e um impulsionador chave do comércio intra-africano, estou contente ao informar que a CUA está a facilitar, agressivamente, o fornecimento e a melhoria de infra-estruturas básicas para apoiar o processamento das exportações africanas”, conclui.

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Economia