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África do Sul: Quatro partidos políticos encerram actos de massa

Os quatro principais partidos políticos da África do Sul iniciaram sábado o último fim-de-semana de campanha, antes das eleições de quarta-feira, que se prevêem cruciais, por poderem trazer a mudança mais importante do país em três décadas.

27/05/2024  Última atualização 09H31
Os eleitores sul-africanos vão ser chamados às urnas depois de amanhã em todo o país e fora © Fotografia por: DR

Segundo a Reuters, apoiantes do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), que governa o país desde o fim do domínio da minoria branca em 1994, reuniram-se num estádio de futebol em Joanesburgo para ouvir um discurso do líder do partido e Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, com 71 anos.

O ANC, que enfrenta uma pressão sem precedentes para manter a sua maioria parlamentar na maior economia de África, tem vindo perder o apoio eleitoral ao longo das últimas duas décadas, e as Eleições Gerais da próxima quarta-feira podem revelar-se um momento marcante, se o partido outrora liderado por Nelson Mandela  como apontam várias sondagens descer abaixo dos 50% dos votos nacionais pela primeira vez, obrigando-o a coligar-se para governar.

Milhares de apoiantes vestidos com as cores preta, verde e dourada do ANC ouviram Ramaphosa reconhecer algumas das queixas dos sul-africanos, nomeadamente relativas aos elevados níveis de pobreza e desemprego, que afectam principalmente a maioria negra do país. "Temos um plano para pôr mais sul-africanos a trabalhar", prometeu o Presidente.

O maior partido na oposição, a Aliança Democrática (DA, na sigla em inglês), realizou um comício na Cidade do Cabo, a segunda maior cidade da África do Sul e o seu bastião, onde o seu líder, John Steenhuisen, perguntou aos seus apoiantes se "estão prontos para a mudança".

Apesar de o apoio do ANC ter diminuído em três eleições nacionais sucessivas e parecer que vai continuar a diminuir, ainda não surgiu nenhum partido para o ultrapassar - ou mesmo o desafiar - e isso não deverá acontecer também nestas eleições, ainda que a perda da maioria absoluta represente a mais clara rejeição do partido que esteve na vanguarda do movimento anti-apartheid e a quem se atribui a condução dos sul-africanos à liberdade.

A África do Sul, um país com 62 milhões de pessoas, luta contra a pobreza, desemprego elevado, alguns dos piores níveis de desigualdade do mundo e outros problemas como a corrupção, criminalidade violenta e falta de serviços públicos básicos em muitos locais. Os persistentes fracassos do ANC levaram a que muitos dos seus apoiantes se tivessem dispersado ao longo das duas últimas décadas por uma série de diferentes partidos da oposição, alguns deles novos, resultando num total de 52 partidos registados para disputar as eleições da próxima quarta-feira.

Nos primeiros anos de democracia, sob o Governo de Unidade Nacional (1994-1999), chefiado por Nelson Mandela, e depois com a administração do seu sucessor Thabo Mbeki (1999-2008), a África do Sul registou avanços económicos e sociais. Todavia, o ANC entrou em declínio em 2014, atingindo um mínimo de 57,5% em 2019.

O ANC detém, actualmente, 230 dos 400 assentos parlamentares (57,50%), enquanto o Aliança Democrática (DA), principal partido na oposição, e os Combatentes da Liberdade Económica (EFF), de esquerda radical, têm 84 e 44 lugares, respetivamente. O voto de "desilusão" para com o ANC, especialmente entre os jovens dos 15-34 anos, que enfrentam uma taxa de desemprego na ordem dos 45,5%, é apontado como fator "decisivo" para o futuro do país após 29 de maio.

A população sul-africana aumentou de 51,7 milhões de pessoas em 2011 para 62 milhões em 2022, segundo o censo populacional realizado nesse ano. No campo económico, dados oficias indicam que a África do Sul, que registou um crescimento do PIB de 1,9%, em 2022, confronta-se com uma taxa de desemprego de 32,9% desde o primeiro trimestre de 2024, um dos principais temas eleitorais, a par da violência de género e da expropriação sem compensação da propriedade privada. Actualmente, cerca de 28 milhões de pessoas recebem subsídios sociais do Governo, e a sociedade sul-africana enfrenta também níveis de corrupção pública endémica, elevada pobreza, violência, e a degradação das principais infraestruturas e serviços públicos.

Com maior ou menor vantagem, no entanto - todas as sondagens apontam - o ANC continuará a ser o maior partido da África do Sul, a nível nacional, por uma margem substancial. Com o ANC de fora, nenhuma coligação de partidos alternativa conseguirá obter no parlamento os votos necessários para apontar outro Presidente que não Ciryl Ramaphosa.

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