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África do Sul convida Putin para a cimeira dos BRIC’S

A chefe da diplomacia sul-africana, Naledi Pandor, confirmou sexta-fera, que o seu país convidou Vladimir Putin para a cimeira do grupo de economias emergentes BRIC’S em Agosto, apesar do mandado de detenção do Tribunal Penal Internacional (TPI) contra ele.

25/03/2023  Última atualização 09H00
Presença do líder russo na cimeira dos BRIC’S na África do Sul é defendida também por Julius Malema © Fotografia por: DR

"O Presidente Putin é um dos líderes dos BRIC’S [Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul] e é convidado para a cimeira, embora eu pense que o mandado de detenção do TPI é motivo de preocupação ", disse Pandor, em Pretória, citada pela Reuters durante uma visita oficial à África do Sul dos reis belgas, Philippe e Mathilde.

Como Estado-membro do TPI, a África do Sul, que receberá a cimeira de Chefes de Estado e de Governo do BRIC’S em Durban, em Agosto, é obrigada a cooperar na detenção de Putin. O tribunal internacional emitiu na semana passada um mandado de detenção para o líder russo por alegados crimes de guerra.

"Precisamos de debater a questão no Governo para decidir como vamos agir ", disse a ministra dos Negócios Estrangeiros, cujo país detém este ano a presidência rotativa do BRIC’S, ao afirmar que a avaliação desta questão será o mais rápido possível.

A chefe da diplomacia sul-africana abordou a questão após a Rússia ter dito esta quinta-feira que está confiante em que a África do Sul irá assegurar um trabalho eficaz para todos os países e seus representantes, incluindo os líderes, na cimeira.

"Já mencionei noutras ocasiões o problema da duplicidade de critérios nos assuntos globais. Há muitos outros países que têm estado envolvidos em guerras, invasões de territórios, assassínios de pessoas e detenções de activistas, mas nenhum deles foi chamado pelo TPI", referiu Pandor.

A ministra acrescentou parecer "que, quando alguém é poderoso e goza de um estatuto particular na comunidade internacional, pode safar-se e isto é preocupante porque afecta a objectividade do TPI como um árbitro justo".

Em Junho de 2015, o Executivo sul-africano viu-se numa situação semelhante quando o então Presidente sudanês Omar al-Bashir, sobre o qual pendia uma ordem de detenção por genocídio, crimes de guerra e crimes contra a Humanidade, participou numa cimeira da União Africana (UA) em Joanesburgo.

Pretória argumentou que não podia deter al-Bashir devido à sua imunidade diplomática como Chefe de Estado e deixou-o aterrar no país, mas o líder sudanês regressou a Cartum em menos de 48 horas para evitar problemas com o poder judicial, que, em obediência ao TPI, ordenou a sua prisão.

O tribunal internacional decidiu meses mais tarde instaurar um processo contra a África do Sul pela sua falta de cooperação, mas em 2017 recusou-se a remeter a situação para o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), a fim de proteger a cooperação futura com o país africano.

Ainda ontem, aBélgica pediu à África do Sul que use sua influência com a Rússia para encerrar o conflito na Ucrânia. O apelo foi feito durante uma visita de Estado do rei belga a Pretória. O Presidente Cyril Ramaphosa respondeu ao apelo dizendo que Pretória continua "a usar o canal que temos com a Rússia, para falar sobre como o conflito pode ser encerrado".

A África do Sul afirmou no ano passado ter adoptado uma posição neutra na guerra da Rússia contra a Ucrânia, e apelou ao diálogo e à diplomacia para resolver o conflito.

Esta posição não está apenas ligada ao papel político e económico estratégico de Moscovo em alguns países africanos, mas também a razões históricas como o apoio da Rússia aos movimentos anticoloniais e de libertação no século XX, como a luta contra o regime de segregação racial apartheid no caso da África do Sul. O Brasil, Rússia, Índia e China criaram o grupo BRIC em 2006, ao qual a África do Sul se juntou em 2010, acrescentando a letra S [de South Africa em inglês) à actual sigla.

Problemas internos

Entretanto, numa tentativa de encontrar soluções para a crise energética da África do Sul, o recém-nomeado ministro da Electricidade, Kgosientso Ramokgopa, visitou ontem a central de Lethabo, no Estado Livre. Ramokgopa diz que está optimista de que o corte de carga terminará.

"A redução de carga não será encerrada por um acto de Deus. Portanto, a Páscoa está a chegar, independentemente da quantidade de oração que fizermos, não resolverá a redução de carga. A redução de carga será resolvida colocando as unidades novamente online. A redução de carga será resolvida garantindo que conseguimos melhorar a eficiência operacional dessas unidades." A crise de energia do país começou há 15 anos, mas este ano começou com os sul-africanos sofrendo com as incidências mais devastadoras de redução de carga - apagões de energia de seis a 12 horas por dia - que levaram à perda de milhões de dólares em receita comercial. em todos os sectores.

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