Economia

Acordos entre Angola e Zâmbia vão dinamizar o comércio no Moxico

Lino Vieira | Luena

Jornalista

Os acordos entre Angola e a Zâmbia no domínio rodoviário e ferroviário, que prevêem a construção de um ramal a partir do Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB) até à Zâmbia, assinalam uma nova era para o sector empresarial na província do Moxico.

06/02/2023  Última atualização 08H20
© Fotografia por: Lino Vieira | Edições Novembro

Segundo os homens de negócios, entrevistados pelo Jornal de Angola, os dois projectos de investimento público, criam expectativa e ansiedade na população da região pelo facto de perspectivar inúmeras oportunidades aos empresários. A abertura destas importantes vias de comunicação vai impulsionar o sector empresarial e o intercâmbio de bens e serviços entre os dois países.

O empresário Edvaldo de Oliveira, que actua no sector mobiliário, água mineral e venda de medicamentos a grosso, disse que os acordos assinados intensificam as trocas comerciais efectivas entre os países vizinhos, por se  tratar de um povo irmão que partilha uma fronteira comum.

O jovem empresário, proprietário do grupo E.C. Oliveira, afirma tratar-se de uma grande estratégia do Executivo liderado por abrir portas de oportunidades, reforçar mais investimento e capacidade de produção para toda a região da África Subsaariana.

"Vamos aumentar a linha de produção de água na primeira quinzena do mês de Fevereiro e vai permitir fornecer em todo o país e os vizinhos sem nenhum constrangimento através de grandes investimentos que fizemos”, informou, depois de anunciar que a empresa prevê, igualmente, aumentar a capacidade de produção de carteiras escolares uma vez que a marca já é certificada, e garante qualidade equiparada com padrão internacional e outros serviços que a empresa opera.

"Temos também a vantagem de estarmos localizados na província do Moxico, uma região rica em recursos hídricos, madeira e minerais”, disse.

O gestor afirma que a materialização destes projectos vai garantir oportunidade e permitir expandir os produtos e serviços a nível internacional, sobretudo na África Subsaariana. "Estamos preparados para estes novos desafios, fruto de um acordo bilateral que vai trazer grandes benefícios para minha empresa  e outros empresários locais e estrangeiros”, aponta.


Portas abertas

Para ele, os acordos firmados entre os países vão abrir portas para a concorrência "saudável" entre os agentes económicos dos Estados-membros, tendo aproveitado a oportunidade para pedir maior protecção do empresariado local e empoderamento, para adquirir mais capacidade, de modos a equilibrar as trocas comerciais para os benefícios recíprocos dos países.

Sublinhou a necessidade dos Governos criarem condições necessárias, a nível de infra-estruturas e administrativas, para que os empresários possam fazer trocas comerciais sem que haja excessos burocráticos bastantes notáveis em países africanos.

Edvaldo de Oliveira apelou os demais empresários a criar estratégias de grandes investimentos face aos novos desafios que se avizinha, tendo sublinhado que, província do Moxico, nos próximos anos vai viver novas realidade que exigirá por parte dos homens de negócios maior competência e qualidade do produto e serviços disponibilizados.

O jovem empresário exortou a necessidade de cada um que actua no ramo empresarial, internacionalizar a sua marca para evitar nos próximos momentos constrangimentos no processo de exportação.

"É o momento de começar a melhorar em termos de merchandising, marketing, vitrinismo, qualidade de produtos e serviços, armazenamento e equilíbrio no stock devido à futura concorrência que vai servir para medir a capacidade de cada empresa”, avançou.

 
Trabalho meritório

O académico, que saudou a iniciativa dos dois líderes na assinatura destes acordos parabenizou os esforços do Presidente João Lourenço, pelo seu trabalho árduo na pacificação e unificação da região dos grandes lagos que devido aos conflitos armados, têm adiado cada vez mais, o sonho do desenvolvimento de toda a região.   

Afirmou que a província do Moxico possui enormes potencialidades que uma vez aproveitadas, podem alavancar o sector empresarial, através da geração de riquezas e oportunidades de emprego para o bem-estar dos habitantes.

A província do Moxico conta com nove municípios, nomeadamente  Alto Zambeze, Bundas, Camanongue, Léua, Luacano, Luau, Luchazes, Cameia e Moxico. As projecções populacionais de 2018, elaboradas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), indicavam para a província uma população estimada em 854.258 habitantes e uma área territorial de 223.023 quilómetros quadrados.


Aproveitar as infra-estruturas

O economista Isidoro Cassemene afirmou que, um dos ganhos que a província do Moxico vai tendo, tem a ver com geração de empregos para a juventude começando pelas obras de estradas e de extensão do Caminho-de-Ferro de Benguela, sendo um dos indicadores importantes na melhoria de vida de muitas famílias.

Segundo o profissional, a dinâmica de investimentos público privado local, vai empregar mais individualidades uma vez que o mercado universitário está a fornecer cada vez mais jovens licenciados, para mercado de trabalho nos diversos ramos de serviço. "A ligação da fronteira trará muitos benefícios para a população. Haverá maior facilidade para os cidadãos atingirem outras regiões da África Subsaariana como por exemplo Moçambique, África do Sul, Quénia, Rwanda, Burundi e Tanzânia”, salientou o economista.

De acordo com o economista, o corredor transafricana é uma porta de oportunidade para muitos, e particularmente os empresários da Região Leste terão maior facilidade de desalfandegar os produtos a partir do Porto de Dar es Salaam na (Tanzânia), sendo a quarta maior instalação da costa africana do Oceano Índico que é a mais movimentada naquela região de Angola.


Integração mais facilitada

Para o economista Guimarães Pinto Luís, Angola tem dado avanços significativos no processo de integração à Zona Livre de Comércio da SADC, criando as condições internas, modernizado e estruturação de tecido produtivo.

Px"Neste sentido temos perspectiva de win-win para as duas províncias fronteiriças principalmente no reforço da cooperação económica evitando e corrigindo a importação de produtos existentes fora do continente”, apontou.

O economista defendeu maior agilidade e seriedade na construção destas infra-estruturas no sentido de dar resposta às necessidades das regiões que interligam a fronteira para melhorar as trocas comerciais e reforçar a aceleração da integração regional.

 Na sua óptica, a iniciativa vai promover maior abertura dos mercados para as agências de investimento privado e encaminhar o sector empresarial ao verdadeiro ambiente de negócio e na materialização das estratégias de parceria público- privada.

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