Opinião

A sinistralidade rodoviária e causas evitáveis

O acidente que envolveu um autocarro da companhia de transportes públicos Inter-provincial, Huambo Express, de marca Yutong, que fazia o percurso entre Luanda e Lubango, anteontem, marca mais um daqueles momentos em que a sinistralidade rodoviária se evidencia por causas completamente evitáveis.

05/09/2024  Última atualização 06H53
É verdade que o erro humano, decorrente da natureza falível do homem, está sempre presente, mas quando falamos de erros evitáveis, como exceder a velocidade e ceder ao sono ao volante numa viagem de longo curso, confrontamo-nos com uma realidade inaceitável.

Embora apenas uma investigação fosse, com alguma precisão, apurar as causas, segundo uma das testemunhas, entre os feridos, que não quis ser identificada, o excesso de velocidade e a sonolência, por parte do motorista, estiveram na base do acidente fatal. Não é admissível que um motorista de viatura de transporte de passageiros, acompanhado de dezenas de pessoas, exceda a velocidade e mostre indícios de sono sem que os presentes se manifestem para corrigir a situação. Não há dúvidas de que, muitas vezes, são os próprios passageiros que se opõem à observância da prudência por parte do motorista, mas, se este último ceder, obviamente que acaba, sempre, por ser o responsável.

O acidente ocorrido na localidade do Nhengo, comuna da Gangula, a 30 quilómetros do Sumbe, no Cuanza-Sul, que sucedeu na sequência de outros, nas últimas duas ou três semanas, constitui mais um aviso à navegação. A sinistralidade rodoviária, a segunda maior causa de mortes no país, além de ser, também, a fonte de um elevado número relacionado com a invalidez, é, sem qualquer exagero, um problema de segurança nacional.

Hoje, quando as nossas estradas deviam ser rotas da paz, estabilidade e de interconectividade segura entre as várias províncias, tende a crescer a preocupação e, sobretudo, ao olharmos para a estatística da sinistralidade rodoviária. É verdade que, regra geral, viajar pelas nossas estradas é relativamente seguro e que os acidentes, grande parte deles verdadeira excepção à regra de normalidade ao nível da circulação, não representam o comum no itinerário das operadoras de transportes interprovinciais.

Diz-se que algumas operadoras usam métodos que, curiosamente, afugentam um dos factores apontado como a causa do acidente, nomeadamente a sonolência, atendendo que os motoristas se revezam ao longo do trajecto. Acreditamos que este procedimento, também, ocorre com a Huambo Express, razão pela qual fica por se apurar a questão do excesso de velocidade, um facto que pode ser electronicamente monitorado e prevenido.

 

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