Opinião

A regulação do trânsito

A mobilidade e a fluidez do trânsito nas nossas estradas, já de alguma maneira reféns das condições degradadas, não podiam continuar “ad eternum” condicionadas pela intervenção nem sempre regular, oportuna e benéfica para a circulação automóvel, como se verificava.

27/02/2021  Última atualização 08H59
Não temos estudos que apontam as perdas económicas e financeiras para as empresas e famílias, quando filas inteiras de viaturas ou, de forma sucessiva, automobilistas individualmente acabam interpelados pelos agentes reguladores do trânsito nas nossas estradas. Mas não há dúvidas de que as perdas são gigantescas e seguramente um dos barómetros para aferirmos isso tem a ver com a quase impossibilidade de, relativamente a esta matéria, aplicar-se entre nós a ideia de que "tempo é dinheiro”. Os nossos automobilistas, particularmente aqueles que realizam serviço público de transportação, durante algum tempo que se vêm queixando das inoportunas interpelações dos agentes reguladores.

A iniciativa do Departamento de Trânsito e Segurança Rodoviária do Comando Provincial de Luanda da  Polícia Nacional, segundo uma nota tornada pública, em suspender as barreiras nas estradas, os testes com bafómetro, bem como a realização de "Operação Stop”,  no que diz respeito à cessação dos excessos por parte de alguns agentes, apenas peca por tardia.

Lamentavelmente, como sucede em muitas esferas da vida, quando se pretende regular com normas e procedimentos para melhor ajudar no funcionamento de um determinado sistema, as entidades encarregadas da implementação dos instrutivos ou normativos são também as que acabam por subverter as atribuições e responsabilidades.

Não é segredo para ninguém que os agentes reguladores do trânsito, em Luanda, se excedem na actuação junto dos automobilistas, sobretudo taxistas, não se coibindo, muitas vezes, de activa e abertamente corromperem-se e deixarem-se corromper. O vídeo do regulador de trânsito em fuga dos agentes da Inspecção Geral do Estado (IGAE), apanhado em flagrante delito, que se tornou viral nas redes sociais pode ser apenas a ponta do Iceberg.

Acreditamos que tinha sido oportuna e continua actual a advertência feita em tempos pelo comandante-geral da Polícia Nacional segundo a qual o agente da Polícia que se não sentir satisfeito com o seu salário deve abandonar a corporação e dedicar-se à outra actividade, em vez de manchar a todos.
A circulação automóvel, responsável em grande parte e de forma muito significativa, pelo funcionamento da economia nacional não pode ficar refém das normas e procedimentos que inviabilizam a sua fluidez.

Está na hora do Departamento de Trânsito e Segurança Rodoviária do Comando Provincial de Luanda da  Polícia Nacional gizar uma estratégia diferente da até então materializada para que, obviamente, não fique prejudicada a segurança rodoviária. Acreditamos que com esta medida não se está a passar "carta branca” aos condutores, mas, no fundo, reforçar a ideia de que o cumprimento do Código de Estrada, a responsabilidade e compromisso para com a segurança nas estradas deve também partir de cada automobilista.

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