Lá diz o velho adágio popular: depois da tempestade vem a bonança.
Da Conferência Global sobre a Liberdade de Imprensa, que decorreu no Uruguai, reunindo oitenta e seis países e mais de mil participantes, renasceu a convicção da necessidade da existência e a importância da media pública. A UNESCO propôs este ano a reflexão sobre a força das plataformas digitais e a sobrevivência da media tradicional. É, aliás, uma consequência do seu relatório que aponta enormes dificuldades económicas para a media tradicional, por força das plataformas digitais, que se assumem hoje como os principais veículos a partir dos quais se publicita.
A UNESCO diz no seu relatório que mais da metade do orçamento da publicidade no mundo fica hoje com a Google e o Facebook (ou Meta, tal como se designa hoje), e os três segmentos da media tradicional (televisão, rádio e os jornais) disputam cerca de 45 por cento da publicidade. A sobrevivência da media está em risco, alerta a Agência das Nações Unidas para Educação, Cultura e Ciência. Em face disso, propõe acções urgentes para contrapor a tendência, se o mundo quiser salvar em última instância a democracia.
Na sua declaração na abertura da Conferência, a directora da UNESCO recordou que só há democracia quando existe liberdade, sendo a da imprensa a ponte a partir da qual todas outras se manifestam. E a liberdade de imprensa existe quando há pluralismo de informação e de órgãos de comunicação(ou diversidade de órgãos, quer na sua titularidade quanto na sua natureza), refere Audrey Azoulay. Reorientado a questão que justifica este exercício, não se trata efectivamente de discutir a existência de órgãos de comunicação social públicos, pois nunca deixaram de existir em muitos países, apesar de todas as críticas dos liberais ou os partidos de direita e os seus colaterais. O que se discutiu hoje e com maior intensidade na Conferência Global da UNESCO é a utilidades dos órgãos públicos para promover a cidadania e fortalecer a democracia, face à ameaça das grandes companhias digitais que determinam hoje o que se deve consumir e quem pode consumir. Os órgãos de comunicação social públicos no contexto em que a media privada enfrenta dificuldades económicas e quando a desinformação ou as chamadas fake news colocam os cidadãos na incerteza para discernir o que é de facto informação susceptível de ser consumida, a media pública reocupa um lugar que supostamente lhe fugia entre as mãos. Segundo Geraldo Sotelo, director do Serviço Audiovisual do Uruguai, que falou sobre o papel da media pública no contexto das fake news, só faz sentido existir a media pública se ela servir o interesse público, reflectir todos os pontos de vista, cobrir os aspectos mais relevantes ou assuntos de maior preocupação da sociedade, tiver qualidade nos seus conteúdos, for transparente nos seus procedimentos editoriais e prestar contas do dinheiro público, como gasta e para quê gasta, entre outros.
Ou seja, não basta existir, a media pública, tem de ser útil aos cidadãos, esta deve reflectir todos os pontos de vista no seu posicionamento, e com o necessário equilíbrio. Esses princípios enumerados concorrem para recuperar a confiança do público no jornalismo profissional (outra maneira de dizer tradicional). O relatório da UNESCO indica que a confiança do cidadão na informação que consome tem decaído vertiginosamente, por força da censura que a media enfrenta, das restrições de acesso à informação, dos processos judiciais e das agressões verbais contra os jornalistas. De 2012 a 2021, a confiança do público na informação produzida pelos meios tradicionais decaiu de 62% para os actuais 53%.
A utilidade da media pública é uma discussão muito actual para o nosso contexto, em que os órgãos públicos estão hoje sobre o crivo da sociedade como nunca se conheceu, por culpa própria. Não dignifica sequer fazer jornalismo nos termos em que alguns órgãos públicos têm feito. E se não tivermos a coragem de denunciar essa postura, estamos a comprometer indirectamente a democracia deste País e a sua paz social.
* Secretário-geral do
Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA)
Teixeira Cândido |*
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