Imagine uma música acelerando sem aviso. Se os preços sobem rapidamente e os salários não acompanham esse ritmo, a harmonia é perdida. O poder de compra, essa capacidade do consumidor de adquirir bens, diminui, fazendo com que a melodia da economia sofra.

Os salários, por sua vez, desempenham um papel fundamental na orquestra dessa dança. Eles determinam não apenas o estilo de vida das pessoas, mas também o quanto podem contribuir para a demanda total do mercado.

Quando bem equilibrados com os preços, criam uma melodia coesa. Porém, salários estagnados em face de preços crescentes resultam em uma demanda que clama por satisfação, mas que muitas vezes não encontra eco na oferta.

Chegamos, assim, ao conceito de "produção da produção", que se refere à habilidade intrínseca de uma economia em criar os recursos necessários para expandir a sua produção. Essa capacidade pode ser comparada ao meticuloso ensaio de um dançarino, assegurando que cada movimento culmine em uma performance impecável.

Entretanto, simplesmente investir no aumento da capacidade produtiva não garante sucesso. Assim como um espectáculo precisa de uma plateia, a oferta ampliada deve atender a uma demanda concreta e não meramente idealizada, como ocorre em certos contextos económicos fracassados.

Em conclusão, como em qualquer dança bem executada, a economia exige equilíbrio. O jogo entre oferta e demanda, preços e salários, deve ser orquestrado com precisão para evitar descompassos. Para que nossa economia não apenas gire, mas também brilhe, é essencial reconhecer e respeitar a sutileza de sua dança.

E, assim, como os dançarinos aprendem com seus erros, também devemos estar prontos para ajustarmos no nosso ritmo, garantindo uma performance económica de destaque.

Mário Munto Ndala