O julgamento do “caso Lussati”, que envolve militares e funcionários civis ligados à então Casa Militar do Presidente da República, desde há algum tempo redenominada Casa Militar, começou ontem em Luanda no Centro de Convenções de Talatona, em Luanda.
Quando correu a fuga para o domínio público do "draft" do documento que estava a ser "cozinhado" pelos juízes do Tribunal Supremo americano, um facto sem precedentes no sistema de Justiça dos Estados Unidos ao mais alto nível, muitos encararam tal incidente como uma tentativa de sectores pró-aborto medirem a pulsação e a reacção pública, ante a perspectiva de revogação da histórica decisão judicial conhecida por Roe v Wade.
Abrimos a porta e deparamo-nos com um recinto hermético. Em vez de encontrarmos uma floresta de letras encantadas descobrimos uma realidade paralela: ela tem um campo de armadilhas reais, uns órfãos a deambularem num deserto de ideias, um feixe de preceitos sagrados, umas matrioscas com fantoches e, também, alguns fantasmas que, mesmo estando ausentes, agem como se fossem guardiães das imperfeições convenientes.
Estupefactos, apercebemo-nos
que não tínhamos chegado ao paraíso das criações, nem ao reino das virtudes,
nem ao casulo dos feitiços e muito menos ao lugar das utopias milenares que nos
permitiriam um dia sermos flores e no amanhecer seguinte nos metamorforsearmos
em qualquer outra coisa que nos apeteça ser com tal de inventarmos um novo
país: onde quer que haja um esperto tudo deve permanecer inamovível e o que
deve vingar é a astúcia, a velhacaria e pouco mais.
Quem ainda não é formalmente
membro da confraria dos espertos não se preocupe, já que ser ou não ser não é
uma questão relevante. Na prática a confraria funciona sem limites nem
fronteiras e nela há dilema existencial que deixaram de fazer sentido: a única
coisa que conta é a obediência cega ao status quo e à ordem imperante, qualquer
"desvio mínimo” é considerado coisa de pirómano.
Há quem diga que é possível
reunir-nos num lugar só, mas está comprovado que não: ninguém sabe exactamente
qual o nosso número e estamos espalhados por todos os lados. Entre
dicionaristas, modelos, bonzinhos, wikipedistas, irreverentes e tamodianos, entre outros, nós
podemos chegar aos milhares: divertimo-nos ou sobrevivemos, - é algo que não
importa muito -, socorrendo-nos das espertezas que sabemos fazer com mestria e
não temos pejo nenhum em nos gabar que, nisso, somos "experts”.
Declaramos ser uma
confraria, mas, mesmo sendo a esperteza um credo respeitado por todos, até isso
ninguém tem absoluta certeza: a fé nas espertezas sofisticadas e legais
protege-nos inquebrantavelmente, elas servem-nos para impor ordem às hostes ou
aos circunstanciais rebeldes.
Quando alguém teima em não
nos ver, em não nos ler, em não nos ouvir ou em não nos venerar, com as
espertezas debaixo do braço, peregrinamos às rádios, à televisão, aos jornais e
às redes sociais: entendemos que a consagração é uma pedra ineludível para
aceder ao espaço político e as espertezas são o veículo que utilizamos para
atingir este fim.
Maioritariamente, temos as nossas
preferências políticas, partidárias e estamos estruturados como se fôssemos
umas matrioscas: de longe ninguém pode adivinhar o que ocultamos. De perto,
quando nos revelamos ou nos conhecem melhor é fácil ver que temos bem marcadas
as rugas que a subjectividade fez nos nossos rostos e nas nossas almas
devastadas pelo silêncio, pela autocensura, pelas estratégias a meio termo,
pelo debate inconsequente e pela preguiça.
Ainda que não o pareça, a confraria dos espertos é um dos maiores enigmas pós-coloniais: as árvores da sua floresta de letras constituem o seu maior património, aquele que testemunha o lado mais puro dos seus membros. As imperfeições convenientes e rentáveis só para alguns, o seu maior freio.
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