Cultura

50 peças marcam 50 anos da morte de Amílcar Cabral

Cinquenta peças, tantas quantos os anos passados desde a morte de Amílcar Cabral, vão contar a história do líder africano numa exposição da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, patente no palácio Baldaya, em Lisboa, a partir de Março próximo.

27/01/2023  Última atualização 06H00
© Fotografia por: DR
Das peças que serão expostas constam "documentos escritos e visuais, assim como objectos artísticos e outros que trabalham com diferentes vestígios da vida de Cabral ou a ela associados”, refere a comissão, em comunicado.

A iniciativa, que assinala os 50 anos da morte do "pai” da independência de Cabo Verde e da Guiné-Bissau e fundador do Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC), irá decorrer até 25 de Junho deste ano.

"As lutas de libertação desenvolvidas em África contra o então império português foram determinantes para a queda da ditadura do Estado Novo. Amílcar Cabral é uma figura essencial nesse contexto, pelo papel de liderança que desempenhou então, mas também pelo seu legado, que perdura até aos dias de hoje, e que vem conquistando uma dimensão internacional muito significativa”, afirma Maria Inácia Rezola, a comissária executiva.

Por seu lado, José Neves, comissário científico da iniciativa, em conjunto com Leonor Pires Martins, explica que "a exposição desenvolve-se ao longo de uma sequência de 50 peças, que pretendem dar a conhecer a vida de Amílcar Cabral e as relações que fizeram das lutas contra o colonialismo uma experiência comum a inúmeras pessoas e instituições que se corresponderam e solidarizaram com ele e com o anticolonialismo africano, de Cuba à Europa de Leste, passando pela Escandinávia”.

"Será possível ver, por exemplo, correspondência trocada entre Amílcar Cabral e jornalistas franceses e britânicos, documentação relativa aos apoios internacionais recebidos da União Soviética, Suécia e Cuba”, referiu o historiador.

Os visitantes poderão observar "imagens em vídeo, pouco conhecidas, da participação de Cabral na Conferência Tricontinental, em Havana, em 1966, e das zonas libertadas da Guiné, retratos feitos por artistas plásticos nacionais e internacionais e ouvir a presença deste independentista e das lutas anticoloniais na música, da world music até ao rap”, acrescentou.

A exposição é ainda o mote para outras iniciativas - como mesas redondas, concertos, visitas guiadas, um ciclo de cinema, uma feira do livro, entre outros -, com o colonialismo, a luta anticolonial e a descolonização como temas dominantes.

Em 2024 assinala-se o centenário do nascimento de Amílcar Cabral.

Amílcar Lopes Cabral nasceu em Bafatá, na Guiné-Bissau, a 12 de Setembro de 1924, filho de Juvenal Cabral e Iva Pinhel Évora.

Oito anos depois, a família muda-se para a ilha de Santiago, em Cabo Verde, e em 1937 Amílcar Cabral entra para o Liceu, em São Vicente, e escreve os primeiros cadernos manuscritos de poesia.

A seca e a fome causam cerca de 20 mil mortos em Cabo Verde em 1941-42. Amílcar Cabral decide tornar-se engenheiro agrónomo, funda a Associação Desportiva do Liceu de Cabo Verde e é eleito presidente da Associação de Estudantes.

Termina o curso liceal com média de 17 valores, em 1944, recebendo uma bolsa que lhe permitirá prosseguir os estudos em Lisboa, para onde embarca no ano seguinte para frequentar o Instituto Superior de Agronomia, estabelecendo relações com outros estudantes africanos que frequentavam a Casa dos Estudantes do Império, como Mário Pinto de Andrade, Marcelino dos Santos, Francisco José Tenreiro e Agostinho Neto.

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