Reza a história que Cacuaco é uma das comunidades mais antigas da província de Luanda. Ascendeu à categoria de vila no dia 24 de Junho de 1940, período em que foi instalada a Administração, segundo dados fornecidos por algumas entidades tradicionais locais.
Em Junho de 1976, sete meses volvidos sobre a proclamação da Independência Nacional, o Conselho da Revolução põe fim à crise na empresa, promulgando a Lei n.º 51/76, que nacionaliza, em favor do Estado angolano, a antiga empresa privada portuguesa e, em seu lugar, cria a Edições Novembro - EP, proprietária e editora do “Jornal de Angola”
É ainda em Agosto, no dia 9, que em Lisboa, a Junta de Salvação Nacional anuncia o programa de descolonização para Angola, tornando o processo da Independência irreversível.
Mas é de Lisboa que vem a
desestabilização. A 28 de Setembro, o Movimento das Forças Armadas (MFA) proíbe
uma manifestação de apoio ao Presidente António de Spínola. Supostamente
tratava-se de uma tentativa de golpe de Estado por forças próximas ao general
Spínola e a rejeição da política do MFA. Muitas pessoas barricam-se e cortam os
acessos a Lisboa. Spínola apresenta a demissão e o seu sucessor é Francisco da
Costa Gomes, membro da Junta de Salvação Nacional e chefe do Estado-Maior
General das Forças Armadas.
Ainda em Julho, a 11, um
taxista branco aparece morto degolado no bairro da Cuca, em Luanda, e é quanto
basta para sectores radicais da comunidade branca desencadearem a partir dos
dias seguintes massacres nos bairros negros.
As surtidas de milícias de
brancos começam no Bairro Mota e espalham-se pelo Cazenga, Rangel, Marçal,
Lixeira, Golfe, Prenda, cenários diários de explosões, provocando milhares de
deslocados que correm para a estação ferroviária do Bungo, na ânsia de
apanharem o comboio para o Kwanza Norte e Malanje. Eram sobretudo mulheres e
crianças, no que foi o primeiro êxodo de Luanda após o 25 de Abril de 1974.
Centenas de vítimas de armas de fogo são atendidas no Hospital de S. Paulo,
unidade hospitalar que tinha sido criada como "Hospital Indígena".
Uma greve geral paralisou fábricas, oficinas, organismos públicos e "de uma
maneira geral, os estabelecimentos e obras onde trabalham predominantemente os
moradores dos bairros africanos.
O general Spínola, chefe da
Junta que governava Portugal, ainda pensava numa solução que preservasse os
interesses portugueses. Angola era a maior colónia portuguesa e a mais rica,
com o seu petróleo, os seus diamantes, os seus vastos recursos minerais e
agrícolas e o seu posicionamento estratégico no sul-oeste de África.
O general Silvino Silvério
Marques é então nomeado governador-geral de Angola, onde tinha já estado no
início da década de 1960. A 15 de Junho de 1974, chega a Luanda e é recebido no
aeroporto de Belas por uma manifestação hostil do Movimento Democrático de
Angola (MDA), organização que daí a uns meses, e cumprindo os acordos de Alvor,
teve de se diluir no MPLA, pois a legitimidade partidária só consagrou as
organizações que desenvolveram luta armada contra o colonialismo.
Nesse dia, os militares
angolanos das Forças Armadas Portuguesas tomam posição frente aos frequentes
massacres perpetrados por grupos de brancos nos bairros africanos de Luanda.
Atingiam talvez o milhar e meio e concentraram-se na Fortaleza de S. Miguel
enfrentando o comando-chefe das FAA portuguesas. Partiram do RI-20 e, na Rua da
Misericórdia, já na Cidade Alta, a Polícia Militar abriu fogo provocando mortos
e feridos. Mesmo assim, os militares angolanos que serviam as Forças Armadas
Portuguesas (FAP) não desistem da sua marcha e chegam à fortaleza para falarem
com o general Franco Pinheiro, comandante-chefe das FAP. Reivindicam o fim da
actuação discriminatória da Polícia e da PM no tratamento às manifestações de
africanos e de europeus, igualdade étnica nas patrulhas e críticas à demora no
envio de efectivos para o Cazenga na sequência de um massacre. O general,
depois de uma intervenção acalorada de Jorge Pessoa, que exige o fim das
operações militares e a independência imediata e completa de Angola, concorda
com todas as exigências e nesse mesmo dia, no funeral das 5 vítimas do ataque
no Cazenga, milhares de pessoas são protegidas, desde a Liga Nacional Africana
ao Cemitério Novo da Estrada de Catete, de um lado e do outro, por militares
angolanos ao serviço das FA portuguesas.
E também nesse dia, o
advogado Diógenes Boavida, que trabalhava nos Serviços de Geologia e Minas e
que viria a ser ministro da Justiça chefia uma delegação de individualidades
angolanas a Lisboa para dar conta dos graves incidentes e pedir providências. A
comitiva foi recebida pelo general Costa Gomes, membro da Junta de Salvação
Nacional (JSN) e chefe do EMG das FAP.
Esta foi a primeira
manifestação de violência entre as duas comunidades antagónicas de Angola. A
partir de Julho de 1974, organizam-se nos bairros africanos comités de defesa e
as suas fronteiras começam a fechar-se para pessoas estranhas. Os comités do
MPLA organizam-se e mobilizam a população para a Independência Nacional. De
entre esses comités de apoio ao MPLA (que ainda não se encontrava implantado na
sociedade africana de Luanda) sobressaem os Comités Amílcar Cabral (CAC) e os
Comités Henda, além dos Comités Jinga e outros que desencadeiam acções massivas
de propaganda e mobilização, enquanto, na ausência de uma força militar
nacional, a segurança era assegurada pelos militares angolanos ao serviço das
FA portuguesas.
Os Serviços de Segurança
coloniais, alertam, então, em Luanda, em comunicados "classificados"
para o lançamento da "guerrilha urbana" pelos "comités
clandestinos do MPLA", que "actuam entre os 400 ou 500 mil africanos
de Luanda, alargando a sua base para outras cidades como Benguela, Ndalatando e
Huambo".
E, segundo os Serviços secretos coloniais portugueses sediados em Luanda, a acção do MPLA era desencadeada por oaganizações que lhe eram afectas, tais como O MDA-Novimento Demcrático de Angola, a FRESDA-Frente Socialista Democrática de Angola de Mesquita Brehm, o Congresso Angolano e o MDIA-Movimento Democrático para a Independência de Angola. E esses serviços chamam a atenção para o desencadeamento de greves, comícios e movimentos estudantis, com respaldo em notícias da imprensa local e do apoio da Liga Nacional Africana. E "denunciam" alguns nomes como pontas-de-lança da acção do MPLA, tratando-os por "drs": Diógenes António assis Boavida, Mesquita Brehm, Albertino dos Santos Fonseca de Almeida, Alberto Mac-Mahon Vitória Pereira e Maria do Carmo Medina.
Os serviços secretos
portugueses em Angola "alertam" para a possibilidade de a FNLA também
estar envolvida em actos "subversivos" em Luanda, por intermédio do
seu grupo "Pano Rasgado".
Em meados e fins de 1974, a
situação política em Luanda era de grande crispação, onde era notório um
intenso trabalho por activistas afectos ao MPLA mas integrados noutras
organizações simpatizantes, como o MDA e a FRESDA. O Quartel General do Comando
Chefe das Forças Armadas Portuguesas em Angola refere, em documento secreto,
uma invasão à Câmara Municipal de Luanda, em Outubro de 1974, protagonizada
pelo MDA e FRESDA. O arquitecto Troufa real ter-se-ia apoderado do microfone e
gritou: "Fora com a veração, abaixo os fascistas, camaradas, isto é nosso,
o povo é quem manda. Viva o MPLA, viva o Dr. Agostinho Neto!". E no salão
nobre, a fotografoa do general Spínola foi substituída pela fotografia de
Agostinho Neto.
Entretanto, a UNITA, que não
possuía força militar significativa, acelera as negociações com Portugal, logo
em Junho de 1974, ainda faz operações militares contra efectivos militares
portugueses já quase desactivados e envia massivamente jovens mancebos para
fazerem recruta na base de Cangumbe, onde celebrou o primeiro acordo com
Portugal a 14 de Junho. A FNLA recruta entre os refugiados e seus descendentes
no Zaire e o MPLA inicia o recrutamento entre jovens de Luanda, que envia para
os CIR. Em 1 de Agosto são criadas as FAPLA, reforçadas com a integração de
muitos militares angolanos que serviam no Exército português. A 27 de Setembro
de 1974, por ordem militar de Agostinho Neto, também comandante-chefe das
FAPLA, são nomeados para o Estado-Maior General os comandantes Xiyetu, Jika,
Monstro Imortal, Nzaji e Bula Matadi. A 22 de Outubro é assinado o cessar-fogo
entre delegações militares portuguesa e do MPLA.
Pouco depois, regista-se a
segunda onda de violência em Luanda. Estávamos em Novembro de 1974, um ano
antes da proclamação da Independência Nacional. Os três movimentos de
libertação nacional já tinham negociado a paz com Portugal e já se tinham
instalado em Luanda. A FNLA abrira a sua sede a 30 de Outubro, o MPLA a 8 de
Novembro, com a chegada da sua delegação chefiada por Lúcio Lara, e a UNITA a
10 de Novembro, e 15 dias depois a FNLA e a UNITA encontram-se em Kisshasa para
tentarem um acordo.
No lado português, a inoperacionalidade
militar acentuava-se, os soldados já não queriam combater nem correr riscos.
Entre os colonos ansiava-se por uma força que reproduzisse em Angola um
processo rodesiano, isto é, uma independência dirigida pela comunidade branca.
Com a instalação dos 3
movimentos em Luanda, começam as escaramuças e a situação torna-se muito
complicada.
Lúcio Lara tinha chegado a
Luanda a 8 de Novembro de 1974 e ficou surpreendido com o alto grau de
mobilização e o nível de organização do MPLA no interior, no qual pontificava,
entre outros, Hermínio Escórcio, que estivera toda uma década prisioneiro, a
última vez na Foz do Cunene.
Três meses depois é a vez de
Agostinho Neto reunir centenas de milhares de pessoas no aeroporto de Luanda à
sua espera, um sinal claro para Portugal.
Mas um mês depois, a 23 de
Março de 1975, já com o Governo de Transição quadripartido instalado no Palácio
da Cidade Alta, as hostilidade militares atingem uma extrema gravidade, por
iniciativa da FNLA. É a primeira batalha de Luanda, uma de muitas que ao longo
dos meses constituirão a normalidade da vida dos luandenses e que só cessam em
12 de Julho com a expulsão da FNLA e da UNITA de Luanda.
No plano externo, Argélia, Jugoslávia, Cuba,
Roménia, Canadá, URSS e países nórdicos da Europa, como a Suécia, apoiavam o
MPLA, a China apoiava a UNITA e a FNLA, e os EUA apoiavam a FNLA de Holden
Roberto e depois e até 1993, a UNITA. Em Portugal a situação política era de
extrema complexidade, o processo democrático dava os primeiros passos e as
indefinições pareciam não ter solução, ficando o país à beira de uma guerra
civil em Novembro de 1974. Ainda estavam longe as intervenções militares
estrangeiras em Angola. O Zaíre viria a invadir Angola a partir de Julho de
1975, a África do Sul racista a 9 de Agosto de 1975 e os cubanos desembarcam em
força em Angola, a partir de 5 de Outubro de 1975.
Proclamada a Independência Nacional, a 23 de Fevereiro de 1976 regista-se formalização do reconhecimento da República Popular de Angola por Portugal e a 8 de Março de 1976 Portugal e Angola estabelecem relações diplomáticas
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LoginA zona urbana do Negage continua a mesma. Mas a periferia cresceu bastante, embora de forma desorganizada, com o surgimento de novos bairros, como são os casos de Tinguita, Kapopa, Aldeia, Kawa Central, Kawa Missão e Kawa Feira. A maioria das ruas estão degradadas e clamam por reabilitação urgente. Os edifícios estão envelhecidos assim como os dois estádios de futebol, o do Sporting e o do Desportivo do Negage. O emblemático Hotel Tumbuaza anda abandonado à sua sorte.
Ana Cangombe nasceu na província do Bié, no mês de Novembro de 1973, com a pele morena, lisa e sem manchas. O tempo passou, e à medida que crescia, tornava-se cada vez mais atraente, dona de traços finos e de um corpo esbelto.
Tanto Agostinho Neto como Mahatma Gandhi nunca agradeceram pelos então chamados “benefícios da administração colonial”, que os colonizadores não se cansavam de mencionar. Ambos tinham como principal objectivo, respectivamente, ver todos os angolanos e indianos serem tratados de forma igual
Quem vê Daniela Alfredo e Ema Torres agachadas, inclinadas ou deitadas junto de uma viatura com capô aberto, pode duvidar. À primeira vista, parecem estar ali para ajudar um outro mecânico. Mas, o afinco delas em pegar nas chaves para apertar peças e acessórios dissipa quaisquer dúvidas
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Dois meses depois de ter sido internada, no Hospital Josina Machel, Eva Faria Lourenço, uma adolescente que tinha vários nódulos cruzados nos seios, já foi operada, quarta-feira(30), numa intervenção que durou cerca de cinco horas.
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