Sociedade

200 unidades sanitárias vão dar alento à assistência às populações

José Meireles

Jornalista

Apesar de as receitas cabimentadas ao sector social, mais concretamente da saúde, estarem longe daquilo que são as suas reais necessidades, o Executivo angolano decidiu levar avante, a partir de 2021 e durante os anos subsequentes, a construção e conclusão de algumas unidades sanitárias, bem como a projecção de uma série de outros empreendimentos especializados, para a assistência médica às populações, em todas as províncias do país.

08/01/2021  Última atualização 11H10
© Fotografia por: Edições Novembro
Estão previstas a construção, reabilitação e apetrechamento de pelo menos 200 hospitais de diferentes categorias em vários municípios do país, deu a conhecer o Presidente da República, João Lourenço, na altura do lançamento, na província do Moxico, em Junho de 2019, do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM). "De forma lenta, mas segura”, conforme palavras de João Lourenço, o Executivo está a trabalhar no sentido de os angolanos não terem mais necessidade de viajar para o estrangeiro em busca de soluções para os seus problemas de saúde, estando, desde já, a investir na construção de hospitais e outros equipamentos sociais, para o bem-estar do cidadão.

Assim sendo, o ano de 2021 e os subsequentes poderão ser cruciais para o início dessa intenção do Executivo, com a conclusão, por exemplo, do Hospital Sanatório de Luanda, o único especializado no país no tratamento de doenças de foro respiratório.A nova unidade sanitária, cujas obras começaram em Agosto de 2018, deve ser entregue à população, durante o primeiro trimestre de 2021, com capacidade para receber 300 pacientes por dia, em consultas ambulatória e 150 no Banco de Urgência.

Previsto para receber equipamentos tecnológicos modernos, inexistentes na actual estrutura, velha e rebentada pelas costuras, em funcionamento desde 1972, o novo Hospital Sanatório de Luanda está projectado para prestar serviços avançados de radiologia, com imagem de "Pet Scan”, Ressonância Magnética, Tomografia Axial Computarizada (TAC), Radiologia Convencional e Ecografia.Embora, até hoje, não tenham sido revelados os custos da obra, nem dos gastos em equipamentos, é público que o novo Sanatório de Luanda deverá comportar na sua estrutura salas para cirurgias toráxicas, cardíacas e laboratórios de Homodinâmica e de Microbiologia.
Mais centros de Hemodiálise

Se 2020 terminou com a entrada em funcionamento do sexto centro de atendimento de pacientes com problemas de insuficiência renal, erguido em Luanda, o primeiro trimestre de 2021 vai trazer ainda mais alento aos 1500 doentes registados em todo o país, com o arranque de unidades públicas especializadas em Benguela e Cabinda.As autoridades projectam a construção, em 2021, de um centro na província do Uíge, para prestar cuidados de saúde a pacientes da região Norte.

Depois do arranque do primeiro centro especializado em hemodiálise, localizado no Hospital Pediátrico "David Bernardino”, em Luanda, com capacidade para atender 56 crianças, o segundo na Huíla com 192 camas, o terceiro no Moxico 56, o quarto no Hospital Geral de Luanda 272 e quinto no Bié com 96 camas, o país ganhou, em meados de Dezembro de 2020, mais uma unidade do género, na capital, denominada "Sol” para  420 pacientes/dia.

Embora existam 1500 pessoas a lutar contra o problema de insuficiência renal no país, os seis centros erguidos com fundos públicos atendem 1.232 pacientes, sendo que o restante, número bastante ínfimo, é assistido em unidades privadas existentes em Luanda, Benguela e Huíla.Não há dúvida de que estamos diante de uma revolução no domínio da saúde, principalmente na assistência a pessoas com problemas de insuficiência renal, na qual durante os últimos anos havia pouca capacidade de atendimento local, sendo que milhares de angolanos eram enviados quase todos os anos para o exterior, principalmente em Portugal e África do Sul em busca de assistência especializada em diálise, com custos elevados para o erário.

Consciente desta situação, o Presidente da República, João Lourenço, deu a conhecer, momentos após à inauguração do Centro de Hemodiálise "Sol”, localizado em  Benfica, em Luanda, que o Executivo tenciona erguer centros especializados em todas as capitais de província."Vamos, na medida do possível, procurar fazer com que, pelo menos, cada capital de província tenha um centro de hemodiálise”, disse o Chefe de Estado, referindo que apesar de as receitas cabimentadas para o sector da saúde estarem longe daquilo que são as necessidades reais, "o Executivo está a fazer bastante”.

Províncias vão ter complexos pediátricos

Depois de no dia 28 de Junho de 2020, ter inaugurado as novas instalações no Hospital Pediátrico "David Bernardino”, em Luanda, com 135 camas, das quais 47 para Cuidados Intensivos, 19 de neonatologia com seis incubadoras e aparelhos de fisoterapia, o Presidente da República prometeu erguer unidades do género em todo o país.

"O Executivo vai replicar o novo complexo pediátrico de Luanda para outras províncias”, disse na ocasião João Lourenço, para quem "o que temos que pensar é se serão da mesma dimensão ou menor”, aludindo que o Ministério da Saúde fará o estudo "e depois se verá, também em função das próprias capacidades financeiras”.

Sem perder o fio à meada, João Lourenço disse que o "ideal é fazer mais unidades destas em todo o país, na medida em que um complexo dessa natureza, bem equipado, só em  Luanda, fará com que as crianças oriundas, não só dos diferentes municípios, mas também de outras províncias, possam superlotar a capacidade instalada e acelerar a sua degradação.

PIIM leva saúde aos 164 municípios

Lançado a 27 de Junho de 2019, no Cazombo, província do Moxico, pelo Presidente da República, o Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM), tem inscrito no domínio da saúde, a construção, reabilitação e apetrechamento de 200 hospitais de diferentes categorias nos 164 municípios de Angola.Avaliado em dois mil milhões de dólares, provenientes do Fundo Soberano de Angola, o Plano Integrado de Intervenção nos Municípios, segundo João Lourenço, surge num contexto em que o país enfrenta momentos desafiantes do ponto de vista financeiro, mas o Presidente da República garantiu que "os recursos para a execução dos projectos estão assegurados”.

Investimentos fazem aumentar a taxa de cobertura sanitária no país

Devido aos investimentos que estão a ser efectuados no sector da saúde, a taxa média da cobertura sanitária em Angola, aumentou de 36 por cento para 40 por cento, em 2019, comparativamente ao ano de 2017, numa avaliação realizada em áreas como saúde do recém-nascido e da criança, doenças infecciosas, doenças não transmissíveis, capacidade e acesso à assistência médica.Os dados constam de um relatório conjunto da agência da ONU para a Saúde (OMS) e do Banco Mundial (BM), sobre a cobertura universal de saúde em 2019, realizado no país.A OMS apela para o reforço do sistema de saúde, com enfoque nos cuidados primários de saúde, como condição fundamental, para garantir o acesso à saúde para todos e para a construção de uma sociedade mais forte e saudável.

Com base nisso, a Organização Mundial da Saúde apelou ao Governo de Angola para o reforço dos cuidados primários de saúde, para garantir que todas as pessoas, inclusive as marginalizadas ou vulneráveis, tenham acesso a assistência médica e medicamentosa de qualidade, centrados na satisfação das suas necessidades e sem constrangimentos financeiros.

Para a OMS, as iniciativas em curso visando o reforço do sistema de saúde em Angola, em particular o aumento do financiamento público para o sector e a priorização dos cuidados primários de saúde, vão contribuir para um futuro mais seguro e mais saudável para todos os cidadãos.Estudos mostram que a garantia do acesso à saúde para todos contribui para o crescimento económico e o emprego, particularmente para as mulheres, e aumenta as taxas de crescimento dos países de baixo e médio rendimento, até 2 pontos percentuais.

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