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16 cidadãos condenados à pena máxima na RDC

Dezasseis pessoas, incluindo um médico, foram condenadas, ontem, à morte, à revelia, pelo assassinato, em 2019, de um médico camaronês envolvido na luta contra a epidemia de ébola no Leste da República Democrática do Congo (RDC), disseram fontes judiciais, citadas pela AFP.

11/03/2021  Última atualização 13H24
Médico camaronês, Richard Valery Mouzoko Kiboung, assassinado em 2019 na RDC © Fotografia por: DR
O epidemiologista camaronês Richard Valery Mouzoko Kiboung, da Organização Mundial de Saúde (OMS), foi morto a tiro a 19 de Abril de 2019 durante uma reunião de trabalho num hospital em Butembo (Kivu do Norte), um dos focos da epidemia que matou mais de 2.200 pessoas entre Agosto de 2018 e Junho de 2020.
Os "16 fugitivos”, incluindo Jean-Paul Mundama, foram "condenados à morte” por terrorismo e conspiração criminosa, de acordo com o veredicto do tribunal militar do Kivu do Norte, proferido na terça-feira. A pena de morte não tem sido executada na RDC desde que foi decretada uma moratória, em 2003.

Mouzoko terá sido vítima de um plano dos médicos locais para "assustar e afugentar” os seus colegas estrangeiros, de acordo com advogado e investigador Jean-Marie Vianney Muhindo Kanzira, que tem acompanhado o caso. Foi o que indicou uma investigação do site de notícias "Les Jours”, em Dezembro de 2020.
Os médicos locais "ganhavam um prémio de 20 dólares por dia, enquanto os expatriados ganhavam mais de 20 mil dólares por mês”, segundo o procurador-geral Jean-Baptiste Kumbu, citado no inquérito. Movidos pela inveja, Mundama e outros médicos reuniram-se, entre Dezembro de 2018 e Janeiro de 2019, e consideraram a possibilidade de confiar a execução do seu plano a capangas.

"Mundama teria dado 700 dólares a um intermediário, um ex-militar, para cobrir os custos dos combatentes e prometeu-lhes 20 mil dólares se conseguissem afastar os estrangeiros”, segundo o relatório, que se baseia no testemunho de suspeitos detidos em prisão preventiva em Butembo. Nessa data, o "Dr. Mundama estava no Egipto”, segundo o advogado Muhindo Kanzira, que disse ter ficado "surpreendido” com o veredicto.
A OMS manifestou-se "indignada com este ataque”, tendo o seu director-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus, advertido que "os profissionais e os estabelecimentos de saúde nunca devem ser alvos”.

Entretanto, seis supostos sequestradores foram ontem linchados por moradores irritados com o sequestro de uma jovem no Leste do país, disseram autoridades locais citadas pela AFP. O incidente ocorreu na vila de Kitshanga, nas montanhas a Norte de Goma, quando a polícia tentou transportar os suspeitos para a principal cidade da área e foi atacada por numerosos populares.
Na tentativa de evitar o pior, a polícia disparou tiros de advertência em vão. Os seis supostos sequestradores, com idades entre 20 e 22 anos, foram acusados de raptar uma menina de três anos a 24 de Fevereiro, tendo o linchamento acontecido porque os moradores "não têm mais confiança nas forças de ordem e no sistema de Justiça. Os sequestradores sempre foram presos e depois libertados.
 
EUA sancionam a corrupção
Os Estados Unidos voltaram, ontem, a sancionar o magnata israelita Dan Gertler, acusado de corrupção no sector mineiro da RDC. De acordo com a AFP, as referidas sanções haviam sido retiradas pouco antes do fim do mandato do ex-Presidente Donald Trump.
A medida tomada pela antiga Administração " estavam em contradição com os interesses americanos da política estrangeira no que tange o combate a corrupção no mundo, particularmente visando combate a corrupção e estabilizar a RDC”, explicou num comunicado o porta-voz do Departamento do Estado, Ned Price. Segundo Price, a ONG anti-corrupção, The Sentry denunciou que a 15 de Janeiro último foi entregue ao Dan Gertler e a algumas das suas empresas, licenças que lhe permitem voltar a montar os seus negócios nos EUA, e desbloquear os seus bens. Suspeito de ter assinado "contratos mineiros e petrolíferos obscuros e corruptos na RDC, Dan Gertler foi sancionado pelo Departamento do Estado, em Dezembro de 2017.

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