A ministra do Ambiente considerou, quinta-feira, em Luanda, que “Angola pode assumir a liderança, em África, no processo de redução das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), com a promoção da Economia Verde, transformação do capital natural ao serviço da desertificação económica, criando emprego, produzindo alimentos e renda para as populações”.
Para a titular da pasta do Ambiente, investir em infra-estruturas resilientes, desenvolver tecnologias sustentáveis, promover práticas agrícolas e industriais que respeitem os limites do planeta, torna-se essencial no combate às alterações climáticas. "As alterações climáticas são uma realidade inegável, manifestando-se através de eventos climáticos extremos e a cada dia tornando-se mais evidentes”, disse a ministra.
A título de exemplo, apontou o aumento das temperaturas, com ondas de calor que se reflectem, globalmente, sobretudo, nas mudanças dos padrões de precipitação.
Estes fenómenos, disse, têm impactos profundos em ecossistemas, economias e, mais crucialmente, na vida das pessoas. Da degradação de ecossistemas marinhos à escassez de água, os sinais estão presentes e clamam por maior atenção.
"Mais do que a adaptação, devemos abordar as causas fundamentais das alterações climáticas, reduzindo as emissões de Gases de Eefeito Estufa e transitar para uma economia mais sustentável em que Angola seja exemplo, no quadro do cumprimento da Agenda Global”, sublinhou a ministra.
A governante referiu que o Ministério do Ambiente tem transmitido, de forma metodológica, que as alterações climáticas são questões de desafios globais, cuja atenção, requer acção colectiva e, acima de tudo, uma reflexão ética sobre o processo das escolhas no ambiente, nas comunidades e ao redor do mundo.
No centro dessa questão, disse, são encontrados desafios éticos que não podem ser ignorados. A responsabilidade por essas alterações é compartilhada, mas os impactos recaem de maneira desigual sobre diferentes comunidades e nações.
"As nações mais vulneráveis, como o nosso país, enfrentam as consequências mais severas. A ética exige que enfrentemos essa realidade e busquemos soluções que promovam a justiça climática”, afirmou.
Ana Paula de Carvalho realçou que a vulnerabilidade das comunidades mais afectadas requer mais atenção pois, muitas vezes, são os mais pobres e marginalizados que suportam o ônus mais pesado das alterações climáticas.
"A nossa resposta ética a essa vulnerabilidade deve incluir medidas para fortalecer a resiliência dessas comunidades, garantir acesso a recursos, serviços essenciais e promover uma transição justa para economias de baixo carbono”, disse a ministra.
A dirigente acrescentou que nesse quesito, o Ministério do Ambiente e outros departamentos ministeriais têm desempenhado um papel preponderante, tanto é assim que tem investimento em parques fotovoltaicos e, recentemente, procedeu-se à assinatura de um memorando de entendimento para expansão de energia de baixo carbono.
Para
a ministra do Ambiente, a temática sobre o clima é oportuna, numa altura em que
nos encontramos a poucos dias do arranque da 28ª Conferência entre as Partes
(COP28), onde Angola, na qualidade de signatária do Acordo de Paris e da
Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, vai
participar a seu mais alto nível.
Cooperação global
Ana Paula de Carvalho enfatizou que o caminho no combate às alterações climáticas e seus impactos é desafiante, e que é preciso que se "rompam” fronteiras políticas e económicas, em prol de um bem comum. "Cabe a nós agir com urgência, liderando com ética e responsabilidade este processo, para garantir um futuro sustentável às gerações vindouras”, disse.
A
governante destacou que as alterações climáticas têm implicações profundas no
desenvolvimento sustentável, pois intervêm em vários aspectos dos Objectivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS), afectando a capacidade de atingir essas
metas.
Financiamento exíguo
A comissária da União Africana para Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Ambiente Sustentável, Josefa Sacko, disse que o continente africano carece de maiores financiamentos para atender as respostas e aos vários projectos de combate às alterações climáticas.
Em entrevista ao Jornal de Angola, a diplomata angolana disse que África não tem acesso ao Fundo Global do Ambiente, ou seja, não beneficia nem de metade do que seria ideal para fazer face à problemática das alterações climáticas. "A adaptação, no nosso planeta, é prioridade, mas será que temos quadros suficientes para complementar aos vários projectos? Será que temos sido devidamente suportados?”, questionou Josefa Sacko.
Segundo a comissária da UA, a nível do continente, para mitigar os efeitos das alterações, seria ideal um financiamento de pelo menos 3 triliões de dólares.
A dirigente sublinhou que essa temática do financiamento para África, devia ser um dos principais temas a ser levado à mesa de debates nos grandes eventos mundiais "uma vez que o continente ser o que menos polui, o menos industrializado, a nível mundial”.
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